Mostrando-se “mais do mesmo”, Bolsonaro abusa do populismo ao defender desembargador indicado ao STF

 
O populismo barato do presidente Jair Bolsonaro avança pela seara da exacerbação quando encontra a dissimulação tosca e nauseante do chefe do Executivo federal. Sempre pronto para disseminar suas “pérolas” discursivas, Bolsonaro defendeu, nesta terça-feira (6) o indicado para a vaga no Supremo Tribunal federal que se abrirá com a aposentadoria compulsória do decano Celso de Mello.

O nome do desembargador Kassio Nunes Marques, do Tribunal regional federal da 1ª Região (TRF-1) vem enfrentando resistência e ataques de toda ordem por parte da ala radical do bolsonarismo, o que não é novidade para quem acompanha “pari passu” o cotidiano da política nacional. Entre os descontrolados que criticam a indicação estão os fundamentalistas evangélicos e os defensores da Lava-Jato.

É importante salientar que o Estado brasileiro continua existindo sob o manto da laicidade, ou seja, a bíblia de um evangélico no Supremo será sempre a Constituição Federal, assim como defender o combate à corrupção não significa aderir ao denuncismo e à condenação a qualquer preço. Faz-se necessário, acima de tudo, respeitar o Estado de Direito, o devido processo legal e ampla defesa.

Bolsonaro, em rápida conversa com apoiadores que diariamente se aglomeram diante do Palácio da Alvorada, reclamou dos ataques a Kassio Nunes Marques, como se um presidente da República necessitasse da aprovação de seus aduladores para todos os atos pertinentes ao cargo.

“É impressionante, tudo que se aproxima de mim, o pessoal… Acusaram o cara de tudo, parece até que ele era um dos bandidos mais procurados do Brasil”, disse o presidente, sem sequer ser questionado sobre o tema.

O presidente negou que Nunes Marques tenha votado a favor da permanência do ativista italiano Cesare Battisti no Brasil, como afirmam seus apoiadores nas redes sociais. postagens em redes sociais. Bolsonaro dedicou exalou extras de ironia ao comentar as mensagens que afirmam ser “comunista”, fato que emergiu no universo da maledicência por ter sido indicado à magistratura durante a era petista e por não ter barrado licitação que previa a compra de lagosta pelo Supremo.

 
“Continuo me desgastando, vou me desgastar. Quem sabe em 2022, eu não sei se vou vir candidato, se eu não vier tem gente boa aí, o Alckmin, o Haddad”, declarou com sua costumeira e galhofeira ironia. “Eu sou passível de crítica, mas não dá pra partir pra baixaria”, finalizou.

Aos fatos… Aos bolsonaristas, em especial à banda tresloucada da súcia, não cabe o direito de interferir no governo, exceto quando uma aberração inaceitável for cometida pelo presidente. O Brasil é uma democracia representativa e, portanto, não cabe esse tipo de questionamento. As ações e eventuais omissões de Kassio Nunes Marques não comprometem de antemão sua atuação no STF, onde terá de respeitar a Carta Magna, sem subserviência a quem o indiciou ao posto.

No tocante ao fato de Nunes Marques não ter barrado uma licitação do Supremo que previa a aquisição de lagosta – não se tem certeza disso –, é importante que a horda de apoiadores de Bolsonaro compreenda que a Corte não é um “puxadinho” do Palácio do Planalto, mas a instância máxima de um dos Poderes da República. Ademais, a aquisição de itens dessa natureza se faz necessária por conta da importância das autoridades brasileiras e estrangeiras que o Supremo recebe de forma costumeira. Não é porque Bolsonaro, um desqualificado conhecido, se refestela com pão lambuzado com leite condensado que o planeta terá de adotar esse cardápio.

Os bolsonaristas deveriam se preocupar com o escândalo das “rachadinhas”, com o empréstimo feito da Fabrício Queiroz, com os depósitos na conta bancária da primeira-dama, com a meteórica evolução patrimonial do clã presidencial, com a presença de “milicianos” em gabinetes e com os funcionários fantasmas que a família do presidente contratou (sic) ao longo de muitos anos de atividade política, mas não os fazem porque seria um tiro no pé.

Jair Bolsonaro, como sempre afirmou o UCHO.INFO, é o que se conhece na política como “mais do mesmo”. Este portal avisou, durante a última corrida presidencial, que a população em algum momento se arrependeria por ter votado contra algo, sem se preocupar com a importância de se votar a favor de algo, talvez a favor do País.

O presidente da República agora parte para o confronto com seus apoiadores, pois o instinto de sobrevivência na política está a falar mais alto. Quando Bolsonaro se aliou ao “Centrão” como forma de evitar um processo de impeachment e salvar um governo pífio e desastrado, clara foi a sinalização do que viria pela frente. Enfim…

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