À sombra de pensamento absurdo e torpe, ministra da Agricultura diz que mais gado minimiza incêndios

 
Quando o UCHO.INFO afirma que o desmonte da política ambiental no País é fruto de acordo espúrio firmado entre o presidente Jair Bolsonaro, enquanto candidato ao Palácio do Planalto, e representantes do agronegócio, que apostam no desmatamento como forma de fomentar o setor, o faz com base em informações de bastidores e na verdade dos fatos.

O processo de derrubada de árvores não acontece pela ação de madeireiros ilegais, mas por pessoas com recursos em quantidade suficiente para financiar a logística criminosa. O desmatamento abre caminho para novas pastagens e áreas de plantio, como temos alertado há anos.

Em meio às queimadas criminosas que devastaram diversos biomas no País, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta sexta-feira (9) que o boi é o “bombeiro do Pantanal” e se tivesse mais gado no bioma os incêndios seriam menores do que os registrados nos últimos meses, situação que ela classificou como “desastre”.

“Falo uma coisa que às vezes as pessoas criticam. Mas, o boi, ele ajuda. Ele é o bombeiro do Pantanal, porque ele é que come aquela massa do capim, seja o nativo ou plantado, se feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar que como este ano nós tivemos [os incêndios]. Com a seca, a água no subsolo também baixou os níveis e essa massa virou o quê? Um material altamente combustível, incendiário”, declarou a ministra durante reunião virtual do Senado, que acompanha a situação no Pantanal.

“Aconteceu o desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca que, talvez, se tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, isso teria sido um desastre até menor do que nós tivemos este ano. Mas isso tem de servir como reflexão do que temos de fazer”, acrescentou.

 
A declaração é absurda e atenta contra o bom-senso de qualquer cidadão, pois não há como negar a origem criminosa dos incêndios que devastaram o Pantanal. A grande questão envolvendo essa tragédia é que o governo, além de não fiscalizar, não orienta o agricultor no manejo das áreas rurais, que sempre acontece à sombra de queimadas. Não obstante, a impunidade, que impede a punição exemplar dos responsáveis e a cobrança de multas por danos ambientais, incentiva essa prática que vem destruindo o meio ambiente.

A gestora ambiental do Greenpeace, Cristiane Mazzetti, afirmou, em nota, que “falar em boi bombeiro para justificar tamanha crise é equivocado”. “Além do efetivo bovino ter crescido no bioma, isso desvia o foco dos reais responsáveis pela situação”, destacou.

De acordo com Mazzetti, medidas efetivas de combate e prevenção aos incêndios não foram tomadas, mesmo diante da previsão de seca severa na região. Medidas deveriam ter sido adotadas com meses de antecedência, mas o governo está preocupado em avançar no desmonte dos órgãos de proteção e fiscalização ambiental.

“Se não tivesse ocorrido um desmonte da gestão ambiental no Brasil, a situação não teria chegado a este nível de gravidade. Temos um governo federal falhando deliberadamente no seu dever constitucional de proteger o meio ambiente, destacou a representante do Greenpeace.

Em qualquer país razoavelmente responsável e com autoridades corajosas, Tereza Cristina já estaria demitida. Como o governo Bolsonaro é uma ode ao “faz de conta”, a ministra da Agricultura não apenas continuará no cargo, mas avançará em seu besteirol.

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