Após patacoadas e politização da vacina contra a Covid-19, governo Bolsonaro libera compra da Coronavac

 
Depois de mentir de forma escandalosa sobre o posicionamento da população em relação à vacina contra a Covid-19 e ser alvo de uma avalanche de críticas, principalmente nas redes sociais, em razão da não obrigatoriedade da vacinação contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro cedeu à pressão e liberou o Ministério da Saúde para adquirir, até dezembro deste ano, 46 milhões doses da Coronavac, imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac, que no Brasil tem o Instituto Butantan como parceiro.

Como vem afirmando o UCHO.INFO desde quando promissoras vacinas começaram a avançar na direção dos testes finais, Bolsonaro passou a politizar a imunização contra o vírus SARS-CoV-2, apenas porque o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), poderia largar na frente com a parceria entre o laboratório chinês e o Butatan.

Se Bolsonaro entende que o papel de um governante é colocar a população em risco para alimentar seus devaneios ideológicos, que alguém o impeça de seguir adiante como presidente da República, pois é inaceitável que discussão dessa natureza encontre espaço em um país cujo governo adotou o negacionismo durante a pandemia.

Preocupado com seu precipitado projeto de reeleição, Bolsonaro intensificou as investidas do tipo “balão de ensaio”, que conferem a possibilidade de medir o pulso da opinião pública e, caso necessário, recuar de uma decisão tosca e agarrar-se à dissimulação.

 
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O presidente, que tratou com excesso de deboche a pandemia do novo coronavírus desde o início, classificando a doença como “gripezinha” e afirmando que no máximo seriam registrados 800 óbitos em razão da Covid-19 (mortes estão perto de 155 mil), agora tenta pegar carona na vacinação, mesmo defendendo a não obrigatoriedade da imunização. Cada um tem o direito de decidir o que fazer, desde que não coloque em risco a vida do seu semelhante. No momento em que a Covid-19 é contagiante e pode levar à morte, dependendo da evolução, vacinação compulsória é o mínimo que se pode esperar.

Em reunião com governadores nesta terça-feira (20), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a pasta incorporará a Coronavac no Programa Nacional de Imunizações, do governo federal.

A decisão se dá depois que o presidente Bolsonaro afirmou que o ministro da Saúde havia recomendado a não obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19, mesmo tendo declarado recentemente que a partir de janeiro do próximo ano o governo começaria a vacinar toda a população.

Além disso, Bolsonaro, dono de negacionismo torpe e de irresponsabilidade genocida, continua insistindo em despejar recursos públicos em pesquisas com medicamentos que não têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus. É o caso da produção de hidroxicloroquina e dos estudos com o vermífugo nitazoxanida, medicamento comercializado no País com os nomes “Azox” e “Annita”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso da nitazoxanida no tratamento contra a Covid-19, independentemente do estágio da doença. Ou seja, Bolsonaro contraria estudos científicos e as recomendações de especialistas apenas para aplacar o seu descontrolado desejo de ser visto como o novo salvador da humanidade.

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