Quo vadis?

(*) Gisele Leite

Depois de 158 mil óbitos por Covid-19, depois de três ministros de Saúde, da propaganda inadvertida da cloroquina e de tantas outras tolices negacionistas, nosso país não precisa que haja nova revolta da vacina. Infelizmente, o mandatário mor da nação faz da pandemia instrumento de propaganda, mas agora convoca a Suprema Corte para o debate.

É uma questão de saúde. Já preconizava o Ministro Luiz Fux que a questão da obrigatoriedade da vacina aportará no STF. Cumpre esclarecer que o âmbito de competência do STF é específico e seu poder emana de sua independência, que por sua vez, emana de seu distanciamento e imparcialidade.

A dicotomia esquizofrênica criada pelo Presidente da República colocando-se como adversário do Judiciário traduz-se numa inconveniência constitucional. Afinal, o STF já decidiu que os governadores dos Estados possuem plena autoridade para normatizar sobre o isolamento social e demais medidas sanitárias de combate a transmissão do Covid-19, o que, aliás, salvo muitas vidas.

Novamente, o plenário do STF será instado a manifestar-se, sobre a obrigatoriedade da vacinação, não obstante todo ordenamento jurídico e a jurisprudência da própria Corte já indicar qual a única decisão cabível.

Até a Lei nº 13.979/2020 assinada pelo atual governo brasileiro já previa as medidas, entre estas, a vacinação, para o enfrentamento da emergência de saúde pública.

A latere, vivenciam um constrangimento atroz, os ministros e assessores generais do atual governo, pois ao ser alcunhado pelo Ministro Salles de “maria-fofoca”, acredito que cada uma das quatro estrelas do general Ramos deve se tornado cadentes de vergonha.

O governo naufraga de crise em crise, até o Presidente do Senado e da Câmara dos Deputados, Alcolumbre e Maia, defenderam o ministro e, com toda razão.

O vice-presidente General Mourão também criticou o gesto de Salles, já alcunhado de rei das queimadas.

Enfim, de alcunha em alcunha assistimos perplexos o desgoverno nacional. E, novo impacto negativo se agiganta diante do decreto sobre a privatização dos postos de saúde do SUS. Quo vadis?

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

As informações e opiniões contidas no texto são de responsabilidade exclusiva do autor, não representando obrigatoriamente o pensamento e a linha editorial deste site de notícias.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.