Apesar dos “panos quentes”, queda de braços entre Bolsonaro e cúpula militar continua nos bastidores

 
O embate entre militares e o presidente Jair Bolsonaro continua nos bastidores, apesar de os generais palacianos terem recomendado ao vice Hamilton Mourão que adote uma postura mais discreta, evitando a criação de novas frentes de conflito.

Bolsonaro, que por sobrevivência política precisa agradar o eleitorado, retomou o discurso beligerante como forma de manter coesa a base ideológica sobre a qual se escora. Além disso, a catapulta presidencial de entreveros foi novamente acionada para, criando uma cortina de fumaça, desviar a atenção da opinião pública dos escândalos envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, que afunda no lamaçal das “rachadinhas”.

Em que pese o pedido dos militares da cúpula do governo para que Mourão modere o discurso, a continuidade da queda de braços ficou evidente com nova declaração do vice-presidente, que nesta sexta-feira (13) disse que a vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial americana está “cada vez mais irreversível”.

Mourão ressaltou que não responde pelo governo brasileiro e que sua opinião acerca da vitória de Biden era pessoal. Apesar de o vice querer minimizar sua declaração com a justificativa de que fala como cidadão, não há como dissociá-lo do governo Bolsonaro, onde ocupa lugar de destaque e é o primeiro na linha sucessória presidencial.

“Como indivíduo eu reconheço, eu não respondo pelo governo, mas como indivíduo eu julgo que vitória de Biden está cada vez mais sendo irreversível”, disse Mourão em entrevista à Rádio Gaúcha.

Outro episódio constrangedor para o presidente da República surgiu na esteira da declaração do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que afirmou ser o Brasil um país pacífico.

 
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“Nós somos um País pacífico, em busca da paz sempre, mas não existe país pacífico sem ser forte, é uma condição que a história ensinou”, afirmou o ministro da Defesa.

A declaração do general surge dias após Bolsonaro ter ameaçado o presidente eleito dos Estados Unidos com o uso da força militar caso ao Brasil seja imposta alguma sanção comercial em razão do avanço do desmatamento na Amazônia. A ameaça do presidente da República foi alvo das mais variadas críticas, além dos muitos “memes” que invadiram as redes sociais.

Para piorar o cenário desfavorável a Bolsonaro, o general Edson Leal Pujol, comandante do Exército, afirmou na quinta-feira (12) que o Exército brasileiro não tem recursos suficientes para garantir a soberania do País. O militar destacou a defesa antiaérea como um dos pontos que exigem melhoria.

Além disso, Pujol disse que tem atuado de forma contínua para impedir que a política partidária entre nos quartéis. As declarações do general são um balde de água fria na estratégia de Bolsonaro, que de forma intrínseca, na maior das vezes, usa a possibilidade de um golpe militar para intimidar adversários, como se a democracia e o Estado de Direito inexistissem no País.

Não obstante, ao revelar a escassez de recursos no Exército, o general Edson Pujol esvaziou a irresponsável ameaça de Bolsonaro a Joe Biden, até porque uma eventual declaração de guerra aos Estados Unidos seria algo catastrófico para o País.

Em suma, as recentes investidas dos militares, cansado de humilhações públicas, foi um recado da caserna para Bolsonaro, que a partir de agora deverá agir com mais prudência e moderação, caso queira terminar o mandato. Do contrário, Hamilton Mourão está pronto para assumir o posto.

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