Cada vez mais desacreditado entre líderes globais, o que lhe confere o status de pária internacional, Jair Bolsonaro insiste em manter fidelidade canina ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como se o republicano pudesse continuar na Casa Branca após 20 de janeiro do próximo ano.
Essa postura vexatória do presidente brasileiro ficou evidente na cúpula dos Brics, realizada nesta terça-feira (17) de forma virtual, ocasião em que Bolsonaro novamente prometeu revelar os nomes dos países que compram madeira extraída ilegalmente da Amazônia.
“Revelaremos nos próximos dias os nomes dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão que é a região amazônica. Porque daí sim estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muitos nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão”, declarou.
A ameaça é marcada pelo despreparo de um governante que desconhece as obrigações e os compromissos de um estadista, mas que necessita transferir a terceiros a responsabilidade por suas estultices. Se a política ambiental do governo brasileiro é alvo de críticas, não será com insinuações de que países compram madeira ilegal que o problema será solucionado.
A declaração de Jair Bolsonaro tem como base investigação da Polícia Federal, que identificou os compradores de madeira brasileira ilegal. Ainda não há informação confirmada sobre os países a que Bolsonaro se referiu de forma inominada, mas especula-se que os compradores estão localizados na Alemanha e na França.
É importante lembrar que países não compram madeira ilegal do Brasil, mas, sim, empresas estrangeiras que se dedicam a essa atividade. Seria o mesmo que afirmar que o Brasil compra cocaína da Bolívia, apenas porque traficantes brasileiros são grandes compradores da droga produzida no vizinho país.
Não se trata de duvidar da investigação conduzida pela PF, pelo contrário, mas é necessário destacar que se empresas estrangeiras compram madeira brasileira extraída ilegalmente da Amazônia, é porque criminosos estão a oferecer o produto no mercado internacional. Bolsonaro, na condição de presidente, deveria seu unir a outros governantes e tentar frear esse comércio ilegal de madeira. Ao contrário, Bolsonaro prefere criar um factoide para desanuviar o próprio horizonte político.
O UCHO.INFO está mergulhado em complexa investigação sobre extração ilegal de madeira na região Amazônica e afirma, sem medo de incorrer em erro, que autoridades ligadas ao governo federal, algumas delas nomeadas na gestão Bolsonaro, estão envolvidas nesse crime ambiental. Em outro ponto do escárnio, servidores do Ibama simplesmente fazem vistas grossas ao desmatamento, como se cumprissem ordens disparadas a partir da Esplanada dos Ministérios.
O presidente Jair Bolsonaro deveria ser mais cauteloso nas incursões e moderar seus rompantes, pois o tiro tem grande chance de sair pela culatra. No caso que estamos a investigar, bandoleiros agem sorrateiramente no campo e desmatam sem cerimônia, o que garante faturamento bruto diário de R$ 500 mil. Autoridades locais têm conhecimento dos ilícitos praticados pelos criminosos, mas nada fazem para impedir o desmatamento.
A situação é tão grave, que uma decisão de instância superior da Justiça contra os desmatadores não é cumprida pelo juiz da comarca, talvez por conivência com os criminosos ou por medo de retaliações das mais diversas. Além de incompetente e mal assessorado, Bolsonaro insiste em surgir em cena como o derradeiro corajoso da humanidade. Triste Brasil!
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