Boulos insiste na tese utópica de contratar novos servidores para custear déficit da Previdência paulistana

 
No momento em que o caos social reinante no País vem à tona no vácuo da pandemia do novo coronavírus, cresce a necessidade do País de ter políticos e governantes preocupados cada vez mais com a população desassistida. Mesmo assim, muitos candidatos que surgiram nas eleições municipais de 2020 parecem dispostos a repetir falsas promessas como forma de garantir a eleição.

É o caso do candidato Guilherme Boulos, do PSOL, que disputa a Prefeitura de São Paulo, em segundo turno, com o tucano Bruno Covas, que concorre à reeleição. Há dias, em entrevista concedida após sabatina realizada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Boulos afirmou que o problema da Previdência municipal estão na não contratação de servidores.

“Sabe por que a previdência do serviço público se torna deficitária? Porque não se faz concurso. Porque para a previdência se equilibrar tem que ter mais gente contribuindo, e não só gente recebendo. Você tem mais gente se aposentando, virando inativo para receber da previdência, e como não se faz concurso, você tem menos gente contribuindo para a previdência pública. Fazer concurso é uma forma de arrecadar mais para a previdência pública e você equilibrar a conta com os inativos”, disse o candidato do PSOL.

Nesta segunda-feira (23), em debate realizado pela Rádio Eldorado, Guilherme Boulos voltou a defender a contratação de novos servidores, processo que, segundo o candidato, não pode ser inviabilizado pelo déficit previdenciário municipal.

“Eu me expressei mal naquele dia. A única coisa que eu quis colocar foi a seguinte: Quando um funcionário terceirizado, e hoje todas as contratações da Prefeitura vão no sentido da terceirização, quando ele é terceirizado ele contribui para o regime geral, para o INSS, quando ele é concursado, ele contribui para o regime próprio. O que eu sustento fundamentalmente daquele debate – e foi esse o contexto daquela discussão – foi de que a previdência não pode ser utilizada como argumento para não fazer concursos públicos. Esse é o tema”, disse.

 
Boulos pode externar livremente seu pensamento, até porque a Constituição Federal garante esse direito, mas deveria evitar declarações que não encontram respaldo no campo da aritmética e induzem o eleitor a erro.

Tomando por base que Boulos não consta da árvore genealógica de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada maravilhosa, se a solução para o problema que ronda a Previdência municipal fosse tão simples, outros prefeitos já teriam adotado tal medida.

O déficit previdenciário da municipalidade, que precisa ser administrado e equacionado ao longo do tempo, não será solucionado com propostas mirabolantes, utópicas e inexequíveis, as quais podem levar os cofres paulistanos a rombo ainda maior.

A questão é simples e passa pelo universo da matemática: se a contribuição previdenciária média do servidor municipal é de 14% (varia de 11% a 16%) sobre o salário, a Prefeitura teria de desembolsar ao final 86% para supostamente minimizar o déficit da Previdência, segundo o plano de Boulos. Resumindo, para cada R$ 100 pagos em forma de salário, a Prefeitura de São Paulo terá R$ 14 de retorno. É uma solução pouco inteligente.

Administrar a maior cidade brasileira, que tem problemas na mesma proporção de sua pujança e de seu território, não é para amadores nem para aventureiros que se agarram a discursos fáceis e movidos pela ideologia. É preciso responsabilidade e clareza, pois promessa de campanha quando não cumprida transforma-se em arma contra o eleito.

Tomando por base que as finanças paulistanas não vivem um bom momento, também pelos efeitos colaterais da pandemia do novo coronavírus, é melhor a Prefeitura de São Paulo buscar recursos para cobrir a Previdência do que gastar o dinheiro do contribuinte para ter 14% de retorno. É uma questão de lógica e coerência.

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