Resultados das eleições e projeto de reeleição de Bolsonaro colocam Paulo Guedes no topo da corda bamba

 
Se nos últimos 23 meses o presidente Jair Bolsonaro se dedicou a destampatórios variados e ao seu projeto de reeleição, a partir de agora esse cenário será intensificado em razão dos resultados das recentes eleições municipais.

Apesar de Bolsonaro negar o óbvio, as urnas eleitorais mostraram que o maior derrotado no pleito que elegeu vereadores e prefeitos foi o próprio presidente da República, que de agora em diante terá de encontrar uma saída para tentar manter em marcha seu projeto de reeleição. Esse quadro resulta do bom desempenho de partidos de centro nas eleições, o que exigirá do governo habilidade e disposição para aceitar com naturalidade o escambo, algo que o presidente já rotulou como “velha política”.

Até o momento, Bolsonaro conviveu com a “velha política” por temer ser apeado do cargo na esteira de um processo de impeachment, que só avança no Congresso se for aprovado na Câmara dos Deputados. Diante da nova realidade política, o presidente, caso queira manter o sonho de um novo mandato presidencial, terá de encontrar uma solução urgente para a economia do País, que continua cambaleante à beira do precipício.

Significa dizer que o ainda ministro Paulo Guedes (Economia) terá de tirar “coelho da cartola”, pois o horizonte econômico não é dos melhores, pelo contrário. Com o fim do auxílio emergencial, muitos brasileiros retornaram à seara do desespero. Antes disso, a majoração da energia elétrica, que desde esta terça-feira está na “bandeira vermelha”, fará com a inflação oficial ultrapasse o teto da meta estabelecida pelo governo, 4% ao ano.

Como se não bastassem os problemas atuais, o próximo ano será brindado pelo aumento represado dos planos de saúde, já que por causa da pandemia do novo coronavírus o reajuste de 2020 foi suspenso. Os valores serão cobrados em doze parcelas mensais, sem contar o aumento referente a 2021.

 
Além disso, o preço dos combustíveis fosseis deve subir em 2021, já que com a disponibilização de vacinas contra a Covid-19 a atividade econômica global deve retomar a normalidade – ou algo próximo –, fazendo com que a cotação do petróleo no mercado internacional aumente. Ato contínuo, o custo do transporte será majorado, impactando nos preços de alimentos e serviços.

A alta nos preços dos alimentos tem assustado os consumidores, enquanto alguns economistas garantem que esse movimento ascendente deve inverter a mão. O UCHO.INFO avalia que isso dificilmente acontecerá de forma expressiva, até porque com a retomada da normalidade econômica no âmbito internacional impulsionará para cima os preços das commodities e tornará mais cara a importação de insumos para a indústria brasileira, começando pela farmacêutica. Sem contar a cotação do dólar nas alturas.

Para piorar um cenário que estava a anos-luz de ser bom, o desemprego cresceu durante a crise do novo coronavírus. Durante seis meses de pandemia, o desemprego avançou 36%, atingindo 13,8 milhões de pessoas em outubro, segundo dados da Pnad Covid, divulgada nesta terça-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, quando teve início a pesquisa do IBGE, eram 10,1 milhões de desempregados em todo o País.

Considerando que Bolsonaro, desde sua chegada ao Palácio do Planalto, nada fez em prol da economia e dos trabalhadores, caberá ao ministro Paulo Guedes encontrar uma fórmula que impeça a demolição do projeto eleitoral do presidente da República. Desde a estreia do governo, Guedes nadou de braçadas nas águas da teoria, mas sempre morreu na praia da prática.

No caso de Paulo Guedes não apresentar alguma solução para a economia nos próximos meses, deixando de lado o discurso fácil e as ideias mirabolantes, sua demissão será questão de tempo. Em outras palavras, os resultados das urnas e o plano de reeleição Bolsonaro já colocaram o ministro da Economia na corda bamba.

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