Enquanto o Brasil derrete em meio a crises, Bolsonaro negocia eleição do próximo presidente da Câmara

 
Com o Brasil desorientado por conta da inoperância do governo Bolsonaro em relação ao combate à pandemia do novo coronavírus, o que afeta diretamente o desempenho da economia, além da pasmaceira que grassa na Esplanada dos Ministérios, o Palácio do Planalto está empenhado em articulações para garantir que o próximo presidente da Câmara dos Deputados seja um parlamentar da base de apoio.

Como a disputa na Câmara está cada vez mais acirrada, cenário que perdurará até 1º de fevereiro, quando acontece a eleição para a Mesa Diretora da Casa legislativa, o “preço” cobrado pelas legendas da chamada base aliada sobe na mesma proporção. Isso explica a movimentação do governo no mapeamento de cargos no primeiro escalão, a serem distribuídos caciques políticos como moeda de troca.

A meta é derrotar o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, mesmo negando, atua nos bastidores para buscar a reeleição, apesar de a Constituição Federal proibir essa manobra. Maia, que saiu fortalecido das eleições municipais juntamente com o Democratas, representa uma séria ameaça a Bolsonaro na eleição presidencial de 2022. Caso consiga um novo mandato à frente do comando da Câmara, Maia só precisará fazer o governo sangrar até a próxima eleição.

O candidato do chamado “Centrão” para presidir a câmara é Arthur Lira (PP-AL), mas um processo por corrupção passiva e a recente acusação de que teria comandado o esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa de Alagoas o tiram do páreo. Com isso, Maia torna-se ainda mais forte, podendo, inclusive, fazer o sucessor, se não conseguir concorrer à reeleição.

 
Para se ter ideia da queda de braços que tomou conta da política nacional, o governo de Jair Bolsonaro estuda a possibilidade de promover uma reforma ministerial para abrir vagas a serem ofertadas ao Centrão, desde que a contrapartida seja a eleição de um parlamentar que faça as vontades do Palácio do Planalto.

Que o apetite dos proxenetas políticos é voraz e implacável todos sabem, mas parlamentares aliados (sic) estão cobrando do governo ministérios importantes, ou seja, pastas com orçamento elevado e possibilidade de fazer politicagem com o dinheiro público. É cedo para afirmar que Bolsonaro atenderá o pleito do Centrão, mas para quem criticou de forma contundente o que chamou de “velha política”, o presidente da República é uma ode à farsa.

Um dos candidatos de Maia para assumir o comando da Câmara é o deputado Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB. É importante lembrar que o MDB indicou o candidato a vice na chapa do prefeito Bruno Covas (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, após costura política do governador João Dória Júnior, potencial adversário de Bolsonaro na próxima corrida ao Palácio do Planalto.

Outro possível candidato de Maia é o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), mas suas chances encolhem pelo fato de ser réu em processo por corrupção. Mesmo assim, o parlamentar paraibano não pode ser considerado carta fora do jogo, pois é preciso considerar o desejo dos partidos de oposição – leia-se de esquerda – de derrotarem um candidato do governo.


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