Crítico da “velha política”, Bolsonaro planeja reforma ministerial para acomodar integrantes do Centrão

 
Semanas após ser empossado na Presidência da República, Jair Bolsonaro adotou o discurso contra o que decidiu chamar de “velha política”, como se ele próprio não fosse um representante do que há de pior na política nacional. O termo foi usado para falsamente criticar o escambo político que sempre marcou a relação entre Executivo e Legislativo, mas os brasileiros, enganados por falsas promessas de campanha, mal sabiam que o pior era uma questão de tempo.

Durante a corrida presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou que Bolsonaro, um incompetente desconhecido e desprovido de estofo para cargo de tamanha relevância e responsabilidade, é o que se conhece como “mais do mesmo”. Bastou surgir em cena a primeira ameaça de impeachment para o presidente da República voltar aos braços daqueles quem um dia foram seus parceiros de Parlamento. E tudo no melhor estilo “toma lá, dá cá”. Ou seja, distribuição de cargos e liberação de verbas em troca de apoio do Centrão.

No afã de levar adiante um projeto político que atenta contra a democracia e o Estado de Direito, Bolsonaro agora flerta com o proxenetismo político para tentar influenciar nas eleições para as presidências do Senado e da câmara dos Deputados, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF), seguindo o que manda a Constituição, barrou a reeleição do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O plano palaciano é promover uma reforma ministerial para acomodar parlamentares da base aliada, com o objetivo de conseguir levar o alagoano Arthur Lira (PP) ao comando da Câmara dos Deputados. Na “dança de cadeiras” planejada, Luiz Eduardo Ramos trocaria a Secretaria de Governo pela Secretaria-Geral da Presidência, atualmente ocupada por Jorge Oliveira, que me breve deixará o posto para assumir vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).

 
Outras mudanças previstas no plano de Bolsonaro devem acontecer nas pastas da Cidadania, Turismo e Relações Exteriores. O único ministro intocável é Ricardo Salles, do Meio Ambiente, que, como sempre afirmamos, é uma espécie de “longa manus” do agronegócio, que na eleição presidencial não despejou na campanha de Bolsonaro apenas apoio e tapinhas nas costas.

Nesse “vai e vem”, a Secretaria de Governo seria ocupada pelo deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo na Câmara. Para aniquilar o discurso moralista do presidente da República, Barros é protagonista de um cipoal de escândalos, inclusive de corrupção. Outro cotado para o cargo é o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), deputado federal licenciado. Ambos integram o canhestro Centrão.

Onyx Lorezoni (DEM-RS), atual ministro da Cidadania, e Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), do Turismo, são deputados federais licenciados e devem reassumir os respectivos mandatos. Com isso, Bolsonaro teria mais duas pastas importantes para colocar sobre o balcão de negócios. Além Para completar, o presidente se livra de dois ruidosos problemas: o reconhecido caixa 2 de Lorenzoni e o “laranjal” de Marcelo.

Em relação ao Ministério das Relações Exteriores, a eventual saída do nefasto Ernesto Araújo abriria caminho para o presidente indicar alguém apadrinhado pelo Centrão, mesmo que diplomata de carreira. Contudo, Bolsonaro não é obrigado a indicar um quadro do Itamaraty. O único problema é que a suposta demissão de Araújo criaria uma frente conflito com a ala ideológica do governo.

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