Disposto a prejudicar a chinesa Huawei, o autoritário Bolsonaro desautoriza Mourão a falar sobre 5G

 
O governo de Jair Messias Bolsonaro é uma confusão tamanha, que pode ser chamado de casa de Noca. Enganou-se sobejamente quem imaginou que os militares de alta patente teriam se submetido à estupidez devastadora de Bolsonaro, um despreparado que faz do autoritarismo sua derradeira tábua de salvação política. O que por si só é um declarado atentado à democracia e ao Estado de Direito.

O recente silêncio da cúpula da caserna diante das investidas torpes de Bolsonaro durou pouco. Tanto é assim, que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, deixou de lado sua porção “babá de tresloucado” para retomar as declarações que contradizem Bolsonaro e escancaram os destampatórios do chefe do Executivo federal.

NA segunda-feira (7), Mourão afirmou que barrar a participação da Huawei no processo licitatório do sistema 5G custaria caro ao País, principalmente porque as operadoras de telefonia celular que operam nas faixas 3G e 4G já usam equipamentos da empresa chinesa. E como esses equipamentos não “conversam” com os de outras marcas, a decisão mais sensata é deixar a Huawei, que, ao contrário do que afirma a ala ideológica do governo, não busca a subtração de dados dos brasileiros nem tem interesse em espionagem, apesar da teoria da conspiração que circula pelos corredores palacianos.

A fala de Hamilton Mourão é correta e tem embasamento técnico, mas o prejuízo maior para o País caso a Huawei seja impedida de participar da licitação será no campo dos negócios com a China, maior parceiro comercial do Brasil.

A subserviência de Bolsonaro ao ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump explica a insistência do governo em prejudicar a Huawei, apenas porque o mandatário norte-americano elegeu Pequim como alavanca de seu fracassado projeto de reeleição. E Jair Bolsonaro continua acreditado que a bajulação a Trump renderá frutos ao Brasil.

 
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), sob o comando do “general de pijama” Augusto Heleno, está debruçado sobre um decreto presidencial que visa impedir a Huawei de participar da licitação do 5G nacional. A pasta nega que esteja trabalhando na feitura do texto do decreto, mas informações de bastidores confirmam que Heleno, a pedido de Bolsonaro, está empenhado nessa missão.

O despreparo de Augusto Heleno é tão colossal, que uma das ideias que brotaram no GSI para eventualmente prejudicar a Huawei é exigir que as empresas interessadas em participar da licitação tenham ações comercializadas na Bolsa de Valores brasileira. Caso a ideia vingue, mesmo que estapafúrdia seja, os consumidores brasileiros terão de se contentar com a tecnologia 4G, pois as outras fornecedoras de equipamentos de telefonia celular com equipamentos à altura comercializam suas ações no exterior. São elas: Ericsson, Cisco, Nokia e Samsung.

Outra possibilidade é exigir das operadoras de telefonia celular que tenham pelo menos dois fornecedores. Isso inviabilizaria a telefonia celular no País, que está cada vez mais congestionada.

Mas o absurdo não para por aí. Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fábio faria, desautorizaram Mourão a falar sobre 5G, como se a liberdade de expressão não fosse uma garantia constitucional.

“Ninguém vem falar (sobre) 5G comigo – e não está aberta a agenda para quem quer que seja a pessoa – a não ser que ela venha acompanhado (sic) do ministro Fábio Faria, das Comunicações”, disse Bolsonaro. “Repito, 5G ninguém fala comigo sem antes conversar com Fábio Faria”, completou o presidente da República, em clara tentativa de reforçar o recado a seu vice.

A recente inquietação que tomou conta da caserna decorreu das humilhações públicas que Bolsonaro impõe a muitos militares que integram o governo, dando a entender que, independentemente do tamanho da estultice, sua opinião deve prevalecer sempre. Até o momento em que os militares se cansarem desse circo bolsonarista.

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