Apesar da segunda onda de Covid-19 que assusta o País, Bolsonaro fala em “finalzinho de pandemia”

 
Não bastassem a incompetência como governante e o negacionismo em relação à Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro exibe cada vez mais um comportamento descolado da realidade, como se o Brasil estivesse a poucos passos de alcançar o status de “País de Alice”.

Com o novo coronavírus patrocinando preocupante segunda onda no Brasil, o aumento de óbitos e do número de casos confirmados da doença, Bolsonaro abusou do devaneio ao afirmar, nesta quinta-feira (10), que “estamos vivendo um finalzinho de pandemia”.

“Me permite falar um pouco do governo, que ainda estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhores se saíram na pandemia”, disse o presidente da República Bolsonaro durante evento de inauguração do eixo principal da nova Ponte do Guaíba, na BR-290, em Porto Alegre.

“Devemos levar tranquilidade à população e não o caos. O que aconteceu no início da pandemia não leva a nada. Lamentamos as mortes profundamente e assim sendo, vamos vencendo obstáculos”, completou Bolsonaro, que já classificou a Covid-19 como “gripezinha”, “resfriadinho” e coisa de “maricas” e de “frouxos”, não sem antes afirmar que no máximo morreriam 800 em razão da doença.

 
A declaração acontece no momento em que 22 dos 26 entes federados enfrentam alta expressiva nas mortes pelo novo coronavírus, o que novamente vem causando congestionamento nos leitos hospitalares, nas redes pública e privada de saúde. Desde o início da pandemia, o Brasil já registrou 179.032 mortes provocadas pela Covid-19.

Mais uma vez o presidente recomendou o uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, mesmo sabendo da inexistência de qualquer comprovação de eficácia do fármaco utilizado contra a malária. “Não temos notícia dos nossos irmãos da África, abaixo do deserto do Saara, de grande quantidade de óbitos por Covid e todos esperavam justamente o contrário. A pessoa com alguma deficiência alimentar, pessoas mais pobres, fossem ser em boas e quantidade vitimadas. E não foi por quê? Eles tratam lá, muito, infelizmente, a malária”, afirmou.

A dissimulação de Bolsonaro é tão absurda, que as autoridades deveriam considerar a possibilidade de interdição do chefe do Executivo, já que suas declarações, marcadas por evidente irresponsabilidade genocida, têm empurrado os brasileiros às ruas e promovendo aglomerações, o que, ato contínuo, impulsionam a tragédia sanitária que abalou o planeta.

Enquanto 700 brasileiros, em média, morrem diariamente no País, Bolsonaro aciona sua insana verborragia e preocupa-se com questões menores e descabidas, como a pífia exposição dos trajes usados por ele e pela primeira-dama na posse e a isenção de impostos para importação de armas de fogo (revólveres e pistolas).

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