Desesperado, Bolsonaro escala o ministro-astronauta Marcos Pontes para desenvolver uma “vacina brasileira”

 
Logo no início do governo Bolsonaro, a diplomacia verde-loura deu claros sinais de que em pouco tempo o Brasil ficaria isolado, tornando-se um pária internacional, como já acontece. Com o fim da era Trump, o presidente Jair Bolsonaro está sozinho no cenário global, desconsiderando ditadores como Nicolás Maduro, Kim Jong-un e outros facinorosos.

Vivendo uma encruzilhada diplomática, já que o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não deve fazer o jogo do governo brasileiro, Bolsonaro agora coloca-se de joelhos diante de Pequim, como forma de obter às pressas o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir na Fiocruz as vacinas contra a Covid-19, em parceria com o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford.

Além disso, o Palácio do Planalto aguarda ansiosamente uma decisão do governo do primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, que continua dificultando o envio de 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, produzidas pelo Instituto Serum. A Índia começou a exportar vacinas contra a Covid-19, mas na primeira leva o Brasil ficou de fora.

Não há prazo para que o assunto seja solucionado, pois o governo de Nova Delhi assimilou mal a postura do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde os indianos defendiam a quebra temporária das patentes das vacinas contra o novo coronavírus.

No caso da China, o governo de Xi Jinping ainda não esqueceu os covardes e rasteiros ataques do presidente brasileiro, de integrantes do governo Bolsonaro e de um de seus filhos. Ademais, o próprio Jair Bolsonaro disse que o Brasil não compraria vacina produzida na China. Isso porque Índia e Brasil fazem parte do grupo conhecido como BRICS.

 
A diplomacia brasileira vem tentando desatar esses nós, mas não se deve esperar nenhuma solução milagrosa, da noite para o dia. No tocante à China, Bolsonaro e seus quejandos feriram a honra dos chineses, que agora estão dando o troco de forma simultaneamente implacável e sutil, usando para tal a desculpa de entraves técnicos e burocráticos para liberar o envio do IFA.

A situação é tão grave, que a Fiocruz alterou para março a entrega de vacinas para o Ministério da Saúde. Para que o leitor tenha dimensão da tragédia patrocinada pela incompetência do governo, o presidente da República ordenou aos ministros que comprem insumos para vacina onde for possível. Isso porque Bolsonaro sabe que a falta de imunizantes pode ser um combustível extra para um processo de impeachment que ganha força no Congresso Nacional e começa a fazer coro na sociedade.

Para piorar, mas confirmando o amadorismo reinante nesse (des)governo, Bolsonaro teria escalado o ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações) para desenvolver uma “vacina brasileira”, como se tal processo fosse tão simples quanto preparar pão com leite condensado. A informação é do vice-líder do governo no Congresso, senador Jorginho Mello (PL-SC).

“O presidente está preocupado em imunizar a população para que todos retomem as atividades de trabalho. Está negociando com a China”, disse Mello, que conversou com Bolsonaro na tarde desta quarta-feira (20).

Considerando o impasse, a imunização dos brasileiros se estenderá pelo menos até o primeiro trimestre de 2022. Isso significa que a recuperação econômica não acontecerá em 2021 como vem alardeando o ainda ministro Paulo Guedes (Economia), que insiste em falar na tal “retomada em V”. Ou o “V” está de ponta-cabeça ou Guedes anda “plantando bananeira”. Em suma, brasileiros, preparem-se!

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