O oportunismo do presidente Jair Bolsonaro em relação à vacinação contra Covid-19 chega a ser nauseante. Até recentemente, Bolsonaro, a reboque do seu criminoso negacionismo, não apenas criticava de maneira torpe a Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, mas afirmava que o governo não compraria imunizante produzido na China.
Despreparado para cargo de tamanha relevância, como a Presidência da República, Jair Bolsonaro mudou o discurso e passou a defender a vacinação e a torcer pela chegada ao Brasil do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção da Coronavac, pois sabe que o funil político subiu a rampa do Palácio do Planalto.
Essa mudança de oratória e de postura não significa que o presidente passou a acreditar na vacinação como forma de conter o avanço da pandemia do novo coronavírus, mas porque a possibilidade crescente de um processo de impeachment decolar no Congresso Nacional cresce com o passar dos dias. Isso porque ganha adeptos no Parlamento a tese de que o presidente cometeu crime de responsabilidade na esteira das mais de 217 mil mortes por Covid-19 no País.
Não obstante, Bolsonaro pode ter sido convencido pela equipe econômica, em especial pelo ministro Paulo Guedes (Economia), de que a única saída para a retomada econômica, mesmo que de forma lenta acanhada, é a vacinação em massa. Algo que está a anos-luz de acontecer.
Para que o Brasil alcance o patamar ideal em termos de imunização, a ponto de reduzir sobremaneira a circulação do novo coronavírus no território nacional, o governo precisará de pelo menos 400 milhões de doses de vacinas. Essa quantidade garantiria a vacinação de 70% da população brasileira.
Ciente de que com o colapso do sistema de saúde pública ecoando em vários estados da federação e a derrocada da economia nacional no vácuo da crise sanitária, seu projeto de reeleição começa a tropeçar muito antes do previsto.
Para piorar um cenário que cada vez mais aponta na direção da dificuldade, o fim do pagamento do auxílio emergencial, instituído com o objetivo de amenizar os efeitos da pandemia, a popularidade de Bolsonaro tende a despencar, como já comprovou recente pesquisa de opinião do Instituto Datafolha.
Além disso, o isolamento do Brasil no cenário internacional, em razão dos devaneios ideológicos do presidente e de alguns de seus asseclas, devem comprometer ainda mais a retomada do crescimento econômico. Como ingrediente extra nessa explosiva receita, as constantes ameaças à democracia afugentam os investidores, em especial os internacionais, que temem um eventual desrespeito ao conjunto legal vigente no País.
Resumindo, o repentino bom-mocismo do presidente Jair Bolsonaro no campo das vacinas é resultado das suas necessidades políticas, jamais fruto de convicção em relação ao que prega a ciência e ao que recomendam os cientistas.
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