A anorexia político-intelectual do presidente Jair Bolsonaro é uma constante e perigosa ameaça ao País, à democracia e ao Estado de Direito. Isso porque Bolsonaro, um néscio conhecido de longa data, tenta vender à parcela incauta da opinião pública a falsa ideia de que é a derradeira tábua de salvação da outrora Pindorama.
Em mais um novo enfadonho capítulo da politização da vacinação contra Covid-19, epopeia protagonizada pelo presidente da República e pelo governador João Dória Júnior (SP), Bolsonaro surgiu em cena com mais uma bizarrice discursiva, que atenta contra o bom-senso do cidadão.
Na quinta-feira (18), em sua semanal transmissão pela internet, Bolsonaro sugeriu que fraudaram o cartão de vacinação de sua mãe, que reside em Eldorado, cidade do Vale do Ribeira, no interior paulista.
Segundo o presidente, o comprovante de vacinação foi fraudado para informar que sua mãe, Olinda Bunturi Bolsonaro, de 93 anos, recebeu o imunizante Coronavac, desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, que em termos de vacinação tem sido a “salvação da lavoura”.
Na transmissão em vídeo, o presidente afirmou que sua mãe foi vacina com o imunizante Covishield, desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
“Aqui está o cartão de vacina da minha mãe, ela foi vacinada no dia 12 de fevereiro, primeira dose, lote tal, fabricante Oxford. Tá aqui. Ela foi vacinada e o cara [profissional de saúde responsável pela vacinação] foi embora. Horas depois ele volta apavorado, chamou a pessoa que acompanha minha mãe, pegou o cartão de vacina e rasgou. Daí entrega para minha mãe um cartão escrito vacina do Butantan”, afirmou Bolsonaro.
Com a pandemia do novo coronavírus promovendo estragos inenarráveis no País há um ano, período em que o negacionismo criminoso e a irresponsabilidade genocida de Bolsonaro deram o tom do cotidiano, preocupar-se com o fabricante da vacina é no mínimo sinal de delinquência intelectual. Além disso, essa preocupação, que desrespeita uma senhora de 93 anos, explica tudo o que o Brasil vem sofrendo nos últimos dois anos em termos de guerra ideológica e governança atabalhoada.
O importante nesse caso é que uma senhora, que faz parte do grupo de vulneráveis à Covid-19 em razão da idade avançada, foi imunizada contra um inimigo desconhecido que parou o planeta e mandou pelos ares a vida de todos.
Quando alguém que tem a prerrogativa de decidir o futuro da nação usa a própria mãe para fomentar uma guerra política absurda e inadmissível, o brasileiro nada deve esperar em relação ao futuro, até porque o discurso tosco, rasteiro e messiânico da extrema direita é oco e flerta com o totalitarismo.
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