Na campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou que o então candidato Jair Bolsonaro era, como ainda é, o que se conhece na política como “mais do mesmo”. Tal afirmação nos rendeu ataques sórdidos e provocações torpes por parte da milícia bolsonarista, mas como sempre não nos deixamos intimidar pelos detratores da democracia. Mantivemos a afirmação, que agora se confirma de maneira clara e irrefutável. Bolsonaro é “mais do mesmo” e sua permanência no poder representa um grave risco ao Brasil e aos brasileiros.
Endossando nossa pretérita afirmação vale destacar que o Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento preliminar para apurar possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro envolvendo um grupo empresarial do setor de mineração e Jair Renan Bolsonaro, o filho “04” do presidente Jair Bolsonaro.
O “04” teria recebido de representantes das empresas “Gramazini Granitos” e “Mármores Thomazini” um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil, conforme informações divulgadas pelo jornal “O Globo”. Um mês após presentear Jair Renan com o mimo, em outubro do ano passado, a empresa conseguiu agendar um encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, do qual também participou o filho do presidente da República. A proximidade de Jair Renan com a Gramazini e outras empresas despertou a atenção do MPF.
Desde setembro de 2019, a empresa recebe benefício fiscal, concedido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), válido até 2028. Isso significa que de 100% do imposto devido, apenas 25% é pago. Trata-se de benefício está a anos-luz da grande maioria das empresas brasileiras.
Pesquisa minuciosa feita no Diário Oficial da União mostra também que, só em 2021, o grupo empresarial em questão, composto por 17 mineradoras, já recebeu pelo menos 15 autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM) para prospectar novas áreas.
O advogado Frederick Wassef, que representa Renan, negou a acusação de tráfico de influência contra o filho de Bolsonaro. Wassef, que também representa o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), disse que o “04” não possui carro nem foi presenteado.
“Fui constituído como advogado de Jair Renan para defendê-lo e vou requerer cópia na íntegra desse processo. Não tem nenhum carro, ele nem atuou para abrir porta para ninguém. Jair Renan nem sabe da existência”, disse Wassef.
Não é a primeira vez que a atuação de Jair Renan junto a empresas chama a atenção. Em dezembro do ano passado, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando que o “filho 04” do presidente da República fosse investigado por eventual crime de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
O pedido do parlamentar teve como base reportagens da revista Veja e do portal UOL a respeito da empresa de Renan. Dentre os episódios narrados, há um em que o jovem levou um empresário do Espírito Santo para uma reunião com o ministério do Desenvolvimento Regional, intermediado por um assessor do Planalto.
O filho do presidente também teria intermediado junto ao governo redução no IPI do setor de videogames. Renan é “gamer” e, em agosto do ano passado, participou de reunião com o secretário de Cultura, Mário Frias, para tratar do “futuro dos e-Sports”. A isenção do IPI para o deve resultar numa renúncia fiscal de mais de R$ 80 milhões até 2022.
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