A situação do presidente Jair Bolsonaro piora com a mesma intensidade e velocidade com que avança a pandemia do novo coronavírus no Brasil, onde quase 290 mil pessoas perderam a luta contra a doença.
Preocupado apenas e tão somente com seu projeto de reeleição, Bolsonaro insiste no negacionismo criminoso e, a reboque de irresponsabilidade genocida, continua a questionar a eficácia da vacinação e coloca em xeque os alarmantes índices de ocupação de leitos de UTI em todo o País.
Esse comportamento que mescla deboche com tirania é motivo mais que suficiente para a instalação da CPI da Covid no Senado Federal e o inicio de um processo de impeachment na Câmara dos deputados, já que o cenário é de caos generalizado.
O desespero que cerca o Palácio do Planalto é tamanho, que Bolsonaro acionou o líder do governo no Congresso Nacional para uma defesa descabida e torpe. O senador Eduardo Gomes (MDB-TO), um sabujo de primeira hora, disse à coluna Painel, da “Folha de S.Paulo”, que o “Major Olímpio não morreu por causa do governo federal”.
Essa declaração, marcada por subserviência rasteira e desumana, mostra com incontestável clareza o que o brasileiro de bem pode esperar de um governo despreparado e que age de forma criminosa diante de uma crise sanitária fora de controle.
Eduardo Gomes tem o direito de expressar livremente seu pensamento, até porque assim garante a Constituição, mas tripudiar sobre o cadáver de uma vítima da Covid-19 na tentativa de salvar a imagem do presidente da República é atitude de extrema baixeza.
Com um comportamento que sugere desequilíbrio psíquico, Bolsonaro age de forma a jogar para seu eleitorado cativo, como se a vida e a saúde de cada brasileira não importassem. É preciso que a parcela pensante da sociedade cobre do Senado a imediata instalação da CPI da Covid, cujo objetivo é apurar e mensurar o descaso do governo diante da pandemia.
Além disso, os brasileiros precisam pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas–AL), para que ao menos um processo de impeachment contra Bolsonaro saia da gaveta.
O Brasil não pode ser refém do fisiologismo político que reina no Parlamento, sob pena de o cenário atual rumar na direção da catástrofe. Até porque, mandatos eletivos não servem como senha para o escambo acintoso e continuo, mas para defender os interesses dos cidadãos e dos estados da federação.
Ou o Brasil dá um basta à ditadura que desponta no horizonte, ou o melhor a se fazer é aceitar a ideia de que o País avança a passos largos na direção do autoritarismo e do retrocesso. Ainda há tempo de reagir e colocar Bolsonaro no seu devido lugar.
Prova disso é a sensata e certeira declaração do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que defende a criação da CPI da Covid e a defenestração do presidente da República. “A ausência de atitudes mais firmes, como a instalação da CPI, faz de todos cúmplices de genocídio. Em nenhum outro lugar houve um presidente tão responsável pelo que acontece. Esse senhor tem que ser apeado do poder por uma questão humanitária”, disse o senador amapaense.
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