Em pronunciamento à nação, o genocida Bolsonaro aposenta o negacionismo e lambe as franjas da canalhice

 
Se há na linha do tempo do presidente Jair Bolsonaro um dia para ser esquecido, esse por certo é esta terça-feira, 23 de março. Pressionado por um conjunto de fatores que reúne recorde de mortes pro Covid-19, escassez de leitos de UTI, falta de medicamentos para intubação de pacientes com o novo coronavírus e de vacinas contra Covid-19, Bolsonaro teve de encarar a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou pedido do presidente para barrar decretos dos governadores do Distrito Federal, do Rio Grande do Sul e da Bahia que estabelecem toque de recolher como forma de conter o avanço da pandemia.

Diante desse cenário nada favorável, o presidente da República deu posse ao novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, que foi “entronado” antes mesmo da publicação de sua nomeação no Diário Oficial da União. A solenidade, que não constava na agenda de Bolsonaro, foi reservada e aconteceu no Palácio do Planalto.

Sentindo os efeitos da tragédia que o seu governo deixou avançar País afora, Bolsonaro decidiu fazer pronunciamento à nação, previamente gravado e com o presidente lendo sem qualquer dose de emoção um texto pífio e mentiroso preparado por assessores.

Após mais de um ano de negacionismo criminoso, Bolsonaro trocou a irresponsabilidade pela canalhice institucionalizada. Disse o presidente que o seu governo jamais deixou de combater a Covid-19 e que 2021 será “o ano da vacinação dos brasileiros”.

“Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros. Somos incansáveis na luta contra o coronavírus”, afirmou Bolsonaro, que mentiu sem cerimônia ao falar sobre sua atuação no enfrentamento da crise sanitária e distorceu ações do governo no combate à pandemia.

O pronunciamento foi ao ar minutos depois que o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) informou, por meio do consórcio de veículos de imprensa, que nas últimas 24 horas o País registrou 3.158 mortes por Covid-19.

Apesar da falta de imunizantes e do ritmo lento da vacinação, o presidente da República disse que até o final de 2021 toda a população brasileira será vacinada. “Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos nossa vida normal”, afirmou.

Sem esboçar qualquer comoção pelas 1uase 300 mil mortes pelo novo coronavírus, Bolsonaro voltou a abordar a preservação de empregos e a retomada da economia, como se a essa altura dos acontecimentos esses temas tivessem importância.

 
Amedrontados com o avanço descontrolado da pandemia, os brasileiros têm saído em busca da sobrevivência, o que significa arriscar a vida, porque o governo federal é movido por irresponsabilidade e despreparo. O Palácio do Planalto já tinha conhecimento do fôlego extra da pandemia, mas Bolsonaro e seus assessores preferiram interromper o pagamento do auxílio emergencial, deixando milhões de desvalidos à mingua. Uma nova rodada do benefício só começará em abril, com um valor médio que permite ao cidadão comer um pastel por dia.

O presidente afirmou que “em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome”.

Tirante as medidas econômicas lançadas pelo governo, que serviram apenas para diminuir o tamanho da tragédia, Bolsonaro dedicou-se nos últimos doze meses a minimizar a pandemia, criticar o uso de máscaras e o isolamento social, politizar a questão das vacinas, recomendar o uso de medicamentos ineficazes contra a doença, e atrapalhou as negociações para a aquisição de imunizantes.

Não obstante, Bolsonaro, do alto de sua conhecida estupidez, disse que em decorrência da Covid-19 morreriam menos de 800 pessoas, referiu-se à doença como “resfriadinho” e “gripezinha”, afirmou ser a infecção pelo novo coronavírus coisa de “maricas” e “gente frouxa”, não sem antes dizer que um dia todo mundo há de morrer.

O presidente vem vociferado que o Brasil é o país que mais vacina, mas não é essa a realidade dos fatos. Considerada a taxa de vacinação por habitantes, o Brasil está na 58ª posição, de acordo com dados do projeto “Our World in Data”, ligado à Universidade de Oxford.

Bolsonaro, que abriu uma guerra política com o governador de São Paulo, João Dória Júnior, por causa da vacina, preferiu não comentar que o governo federal decidiu acelerar o processo de compra de imunizantes depois que o Instituto Butantan disponibilizou aos brasileiros a Coronavac, desenvolvida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

O presidente afirmou no pronunciamento: “Em julho de 2020, assinamos um acordo com a Universidade de Oxford para a produção, na Fiocruz, de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca e liberamos, em agosto, R$ 1,9 bilhão”.

“Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito”, afirmou o mitômano Jair Bolsonaro, que preferiu esquecer que contrato para aquisição da vacina Oxford/AstraZeneca foi assinado antes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovar o imunizante. Muitos países assinaram contratos de compra de vacinas meses antes da aprovação sanitária, mas nenhum governante gazeteou sobre o tema.

Na verdade, Jair Bolsonaro só começou a se movimentar na seara da pandemia depois que o ex-presidente Lula, que recobrou os direitos políticos e está elegível, criticou duramente o governo federal durante entrevista coletiva.

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