Ao longo dos últimos anos, o UCHO.INFO vem afirmando que em algum momento o presidente Jair Bolsonaro iniciaria movimento para dar um “cavalo de pau” na democracia brasileira. Não se trata de um golpe à moda antiga, que atualmente recheiam algumas cinebiografias, mas de uma radicalização que disfarçadamente viola o ambiente democrático de maneira contínua.
A troca no comando do Ministério da Justiça e a nomeação de um novo diretor-geral da Polícia Federal (PF) é um claro sinal de que foram dados os primeiros passos de um processo que contraria os interesses republicanos e atenta contra o Estado Democrático de Direito.
Não é de hoje que Jair Bolsonaro tenta transformar a PF, uma polícia de Estado, na versão tropicalizada da guarda pretoriana, como forma de blindar os filhos no escopo de investigações e proteger amigos mais próximos e aliados políticos estratégicos.
A chegada do delegado Paulo Maiurino ao comado da PF desagradou os servidores do órgão, agora preocupados com a independência da corporação. Além disso, Maiurini, que nos últimos enveredou na seara política, está afastado do cotidiano da Polícia Federal há mais de uma década, o que não lhe garante histórico policial para ser alçado ao posto.
A nomeação de Maiurini, assim como a de Anderson Torres, novo ministro da Justiça, está sendo comparada à indicação de Kassio Nunes Marques ao Supremo Tribunal federal (STF) na vaga aberta com a aposentadoria compulsória do outrora decano Celso de Mello. O temor dos policiais federais é que assim como Nunes Marques, o novo diretor da PF atue em alguns momentos como “longa manus” do Palácio do Planalto.
Bolsonaro, em alegação estapafúrdia, justifica o que se conhece como ingerência com a necessidade de, por razões estratégicas, obter informações privilegiadas da PF para governar. Na verdade, o presidente da República começa a preparar o terreno para, protegendo os seus, iniciar um processo subterrâneo de desconstrução de eventuais adversários na corrida presidencial de 2022. Afinal, Bolsonaro assiste ao derretimento de seu projeto de reeleição.
Prova maior desses peçonhentos tentáculos do governo surgiu com a decisão do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de registrar boletim de ocorrência política contra o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), que acionou a Justiça para que seja investigado o empréstimo em condições especialíssimas concedido ao filho “01” do presidente na compra de uma mansão em Brasília.
Do alto da arrogância em emoldura o clã presidencial, Flávio Bolsonaro disse que o deputado do PSOL terá de provar as acusações que fez no âmbito do inexplicável imbróglio que tem como pano de fundo a aquisição de uma mansão na capital dos brasileiros.
Vale lembrar que o recém-empossado ministro da Justiça, Anderson Gomes, respondia até recentemente ela Secretária de Segurança Pública do Distrito Federal, que tem sob seu guarda-chuva a Polícia Civil e os respectivos delegados e investigadores. Que conhece de forma rasa os bastidores do poder em Brasília sabe o que essa dança de cadeiras na Esplanada dos Ministérios pode produzir em termos de estragos.
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.