Bolsonaro atenta contra a democracia ao dizer “meu Exército” e afirmar que respeita a Constituição

 
O presidente Jair Bolsonaro não perde uma só oportunidades para ameaçar a democracia e deixar nas entrelinhas seu incontido objetivo de aplicar um “cavalo de pau” na democracia. Sempre movido pela boçalidade que marca o autoritarismo, Bolsonaro voltou a usar nesta quinta-feira (8) o termo “meu Exército”, como se as forças militares fossem propriedade particular ou uma guarda pretoriana a serviço de um déspota.

Em discurso durante cerimônia de promoção de oficiais-generais, Bolsonaro afirmou que o Exército representa “uma estabilidade” para o Brasil e que atua “dentro das quatro linhas da Constituição”.

A tentativa de politizar as Forças Armadas, já fracassada anteriormente, volta à cena na esteira de um governante cuja popularidade derrete com o passar dos dias, mas que insiste em vociferar absurdos para injetar ânimo na milícia bolsonarista, que não mede atos e consequências para defender e apoiar um desclassificado que faz da Presidência da República a recepção de uma casa de alterne qualquer.

“O nosso Exército, tradição, o nosso Exército de respeito, de orgulho, bem como reconhecido por toda nossa população, representa para o nosso Brasil uma estabilidade. Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Devemos e sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem, por ventura, queira sair deste balizamento”, afirmou Bolsonaro.

“Agradeço ao meu Exército brasileiro, o qual ainda integro, ao nosso Exército brasileiro, por este momento. Temos certeza que venceremos os desafios e cada vez mais colocaremos o Brasil no local de destaque que ele bem merece”, disse em outro trecho do pronunciamento.

 
Bolsonaro é capitão reformado, o que não lhe confere o status de integrante do Exército, ou seja, é militar aposentado que usa os tempos de farda para intimidar a opinião pública com um suposto controle das Forças Armadas, que não tem. Na melhor das hipóteses, Bolsonaro pode afirmar que um dia integrou o Exército, corporação que deixou em 1987, após a operação “Beco Sem Saída”, que consistiu em explodir bombas em quarteis para protestar contra os baixos salários.

Um ano antes, em 1986, Bolsonaro, à época com 31 anos, conseguiu que a revista Veja em que criticava os baixos salários dos militares. queixava dos baixos salários dos militares. Detido por causa da publicação, Bolsonaro ficou preso durante 15 dias e foi alvo de processo na Justiça Militar por indisciplina.

O imbróglio foi solucionado discretamente nos bastidores da caserna, de tal forma que o Tribunal Militar o absolveu das acusações de indisciplina e deslealdade. Mesmo assim, o então presidente Ernesto Geisel referiu-se a Bolsonaro como “mau militar” e alguém “completamente fora do normal” para a carreira. Em suma, apesar de absolvido pela Justiça Militar, Bolsonaro deixou o Exército pela porta dos fundos.

Nostálgico da ditadura e adorador de torturadores, como o facinoroso Carlos Alberto Brilhante Ustra, o carrasco do DOI-Codi, Bolsonaro tenta convencer os incautos de que a supressão da democracia é o único caminho para salvar o País de suas mazelas. Isso faz com que sua turba de apoiadores defenda incessantemente a tese da intervenção militar com Bolsonaro no poder. Em outras palavras, o presidente fomenta a possibilidade do autogolpe, mesmo que não confirme essa sandice.

Jair Bolsonaro chega a ser uma farsa ambulante ao afirmar repetidas vezes que defende a Constituição e que as Forças Armadas sempre agirão dentro das quatro linhas do texto constitucional. Que ninguém acredite nessa falácia, pois assim como o UCHO.INFO há muito afirma que Bolsonaro em algum momento tentará acabar com ambiente democrático, alguns importantes veículos da imprensa internacional começam a reconhecer que que fomos certeiros em nossos alertas.

Ademais, quem apoia atos em favor do fechamento do Congresso e do STF não tem cabedal para falar em democracia e respeito à Carta Magna. Bolsonaro disse nesta quinta-feira, durante evento de promoção de oficiais-generais, “não podemos admitir quem, por ventura, queira sair deste balizamento”. Em outras palavras, Bolsonaro é aquele falso democrata que se encaixa com precisão em célebre frase do genial e saudoso Millôr Fernandes: “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim”.

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