CPI da Covid: com a relatoria nas mãos do MDB, Jair Bolsonaro deve se preparar para dias difíceis

(Jonas Pereira – Agência Senado)

 
O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e a pornochanchada em que se transformou o governo produziram uma tempestade perfeita no Senado federal, principalmente da desqualificada conversa com o senador Jorge Kajuru, que divulgou a gravação do diálogo, piorando a relação do chefe do Executivo com a classe política.

Após fracassar a tentativa de Bolsonaro de incluir no objeto da CPI da Covid governadores e prefeitos, o que de alguma maneira tumultuaria as investigações e permitiria ao presidente minimizar eventuais penalizações, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse aos senadores não ser possível ampliar o foco da Comissão Parlamentar de Inquérito. Ao mesmo tempo, Pacheco informou que “fatos correlatos” às apurações poderão ser investigados, desde que envolvem repasse de recursos federais.

A ideia do presidente do Senado é apensar à CPI da Covid, pedida por Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que até o início da tarde desta terça-feira (13) já contava com mais de 40 assinaturas e pede a investigação de estados e municípios. Essa manobra pode acabar no Supremo Tribunal Federal (STF), pois fere a Constituição e viola o regimento interno do Senado, com explicamos em matéria anterior.

 
Pacheco tenta fazer com que as sessões da CPI sejam presenciais, como determinou o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, mas a decisão final caberá aos integrantes do colegiado.

A “tempestade perfeita” mencionada acima está relacionada à escolha do relator da CPI da Covid. O MDB, que não abre mão da relatoria, tem na Comissão três senadores experientes e que sabem como se dá o jogo político. São eles Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e Jader Barbalho (PA). Braga é líder do partido no Senado, enquanto que Calheiros e Barbalho já presidiram a Casa legislativa.

O Palácio do Planalto considera os três senadores como figadais opositores do governo, o que deve piorar ainda mais a situação do presidente da República.

Para se ter ideia do que pode vir na esteira dessa CPI, Renan Calheiros já disse que a relatoria da Comissão será uma forma de dar o troco no governo Bolsonaro por causa da eleição para a presidência do Senado, quando o MDB teve ignorado o pleito pelo comando da Casa por ter a maior bancada. E Calheiros é o mais cotado para assumir a relatoria da CPI da Covid.

Considerando que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já anunciou que não movimentará um centímetro sequer para impedir o funcionamento da CPI da Covid, o melhor é Bolsonaro se preparar. Mesmo que em termos práticos os resultados de uma CPI sejam questionáveis, o desgaste político normalmente é grande.

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