Renan Calheiros será confirmado relator da CPI da Covid e fala em “tiro pela culatra” se governo interferir

(Jonas Pereira – Agência Senado)

 
Como antecipou o UCHO.INFO, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) deve ser confirmado nas próximas horas como relator da CPI da Covid, após acordo entre os integrantes da comissão considerados opositores do governo de Jair Bolsonaro.

Há dias, como informamos, Renan disse que a CPI seria uma excelente oportunidade para dar o troco no governo por causa da forma como o MDB foi tratado na disputa pela presidência do Senado. Por ser a maior bancada da Casa, o MDB reivindicou a presidência do Senado, pleito ignorado pelo Palácio do Planalto, que apoiou a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Com o advento da CPI, Bolsonaro está em situação que piora com o passar dos dias. Pacheco, que em tese deveria proteger o governo por conta do apoio recebido na eleição para o comando do Senado, disse que não movimentaria um só centímetro para dificultar o trabalho da comissão. Além disso, cumpriu à risca, sem esboçar qualquer contestação, a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) para que a CPI fosse criada.

Com Renan Calheiros na relatoria da CPI da Covid, a presidência do colegiado ficará com o senador Omar Aziz (PSD-AM), que é visto com bons olhos pelo Palácio do Planalto. Ex-governador do Amazonas, Aziz tem interesses políticos no estado e faz oposição ao atual governador Wilson Lima, do PSC, partido que em tese caminha ao lado de Bolsonaro.

É preciso saber se Omar Aziz contemplará os interesses do governo, mesmo que minimamente, na condução dos trabalhos da CPI, pois é impossível responsabilizar o governo do Amazonas pelo caos vivido pela população local com a falta de oxigênio hospitalar, sem colocar o ex-ministro Eduardo Pazuello na guilhotina.

 
Tomando por base que Pazuello apenas cumpria as ordens do negacionista Bolsonaro, desde já o Palácio do Planalto tem mais um problema no cardápio de confusões oficiais que merecem atenção redobrada.

Outro destacado integrante da CPI é o senador Eduardo Braga, do MDB amazonense, que também já comandou o estado e faz oposição ao atual governador. E Braga não evitará esforços para responsabilizar o governo de Wilson Lima, o que significa levar Pazuello para o olho do furacão.

Uma eventual responsabilização de Pazuello pode minimizar o desgaste político de Bolsonaro no âmbito da CPI, mas é preciso considerar que um general da ativa na “linha de tiro” da comissão incomodaria a ala militar do Palácio do Planalto e a cúpula das Forças Armadas, em especial do Exército.

No caso de tal cenário se confirmar – as chances não são pequenas –, Bolsonaro correria o risco de perder o apoio dos generais palacianos, que por enquanto dão sustentação aos devaneios do presidente. Ou seja, uma crise começa a despontar no horizonte.

Renan Calheiros, que em relação ao Palácio do Planalto comporta-se como um “poço de mágoas”, já deu seu recado: “Se o governo intervier na CPI, o tiro vai sair pela culatra”. “Acho que esse governo precisa encontrar uma maneira de conviver com essa investigação. Porque esse é um procedimento constitucional. Não há como não fazê-lo. A sociedade cobra isso de todos nós. E a CPI é um instrumento sagrado da minoria”, disse o senador alagoano em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”

Para tirar o sono por completo de Bolsonaro e dos integrantes do staff palaciano, o vice-presidente da CPI da Covid será o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ácido e contundente crítico do governo. Na ausência de Omar Aziz, o senador amapaense assume a condução dos trabalhos da comissão.

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