Ministro da Saúde reconhece dificuldade no fornecimento de vacinas para a segunda dose da Coronavac

 
Enquanto o Palácio do Planalto trabalha nos bastidores para, sem sucesso até o momento, dificultar os trabalhos da CPI da Covid, que funcionará no Senado Federal, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reconheceu nesta segunda-feira, durante sessão na Comissão Temporária da Covid, na Casa legislativa, a “dificuldade” no fornecimento de vacinas para aplicação da segunda dose da CoronaVac, utilizada contra a doença provocada pelo novo coronavírus.

Nas últimas semanas, diversas prefeituras Brasil afora limitaram ou suspenderam a imunização por falta de doses para a segunda aplicação. Na Paraíba, por exemplo, a Justiça chegou a determinar a aplicação da segunda dose após ação do Ministério Público.

“Tem nos causado certa preocupação a CoronaVac, a segunda dose. Tem sido um pedido de governadores, de prefeitos, porque, se os senhores lembram, cerca de um mês atrás se liberou as segundas doses para que se aplicassem. E agora, em face de retardo de insumo vindo da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa 2ª dose”, declarou Queiroga no Senado.

Em 21 de março, dois dias antes da nomeação de Queiroga, o Ministério da Saúde mudou a orientação sobre o processo de imunização e autorizou que todas as vacinas armazenadas por estados e municípios para garantir a segunda dose fossem utilizadas como primeira dose.

Governos estaduais e municipais que confiaram na recomendação do Ministério da Saúde correm o risco de perder a primeira etapa de vacinação contra a Covid-19, caso novas doses de imunizantes não sejam disponibilizadas no limite do intervalo recomendado pelos fabricantes.

Para o desespero do presidente Jair Bolsonaro e dos negacionistas do governo, Marcelo Queiroga afirmou que o número de óbitos registrados em 2021 mostra a “gravidade” da doença. Até a noite de segunda-feira, o Brasil totalizava mais de 392 mil mortes por Covid-19.

 
“O número de óbitos no ano de 2021 hoje supera o número de óbitos que ocorreu no ano de 2020 inteiro, mostrando a gravidade dessa doença e a necessidade de adoção de medidas que sejam eficazes para vencermos essa situação grave na saúde pública nacional”, disse Queiroga aos senadores.

Contrariando a postura de Bolsonaro, que se recusa a usar máscara e provoca aglomerações, o ministro da Saúde afirmou que ações como a campanha de vacinação representam “esperança de uma solução mais eficaz” para o enfrentamento da pandemia.

O titular da Saúde defendeu mais uma vez as medidas de prevenção recomendadas por especialistas, como o uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social.

“Claro que não é só a vacinação. Eu tenho, desde o primeiro dia que assumi o cargo, reiterado a importância das chamadas medidas ‘não farmacológicas’, como o uso de máscaras, o distanciamento social”, declarou.

O momento pandêmico vivido pelo País é fruto da irresponsabilidade de um governo incompetente que, por orientação do presidente da República, recusou oferta da Pfizer, em agosto de 2020, para o fornecimento de 70 milhões de doses de vacina contra Covid-19. À época, Bolsonaro disse a apoiadores que as condições contratuais impostas pela farmacêutica eram “leoninas” e que a aplicação da vacina poderia transformar o imunizado em “jacaré”.

Além disso, o presidente desdenhou da Coronavac – vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan –, que ele chamou de “vacina chinesa do Dória”. O Ministério da Saúde acertou, em outubro de 2020, a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, mas horas depois desmentiu o acordo por determinação do próprio Bolsonaro. Diante da tragédia consumada, o governo foi obrigado a recorrer ao Butantan, que até agora é responsável pelo maior fornecimento de vacinas contra Covid-19 no País.

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