Brasil ultrapassa 400 mil mortes por Covid-19, enquanto Bolsonaro insiste em seu negacionismo criminoso

 
O Brasil atingiu nesta quinta-feira (29) uma nova marca na seara da trágica pandemia que há treze meses devasta o País: ultrapassou 400 mil mortes por Covid-19. No início da tarde desta quinta-feira (29), o número de mortes causadas pelo SARS-CoV-2 chegou a 400.021, sendo que até o momento 14.541.806 brasileiros contraíram o novo coronavírus.

Esses números contrastam com a fala irresponsável do presidente da República, o negacionista Jair Bolsonaro, que em 22 de março de 2020 disse que no máximo ocorreriam 800 mortes por causa da mais grave crise sanitária dos últimos cem anos.

“O número de pessoas que morreram de H1N1 no ano passado foi na ordem de 800 pessoas. A previsão é não chegar a essa quantidade de óbitos no tocante ao coronavírus”, afirmou Bolsonaro.

Em 1º de março deste ano, em mais um espetáculo pífio e marcado pela verborragia insana, Bolsonaro tentou vender a seus apoiadores a imagem de alguém que acerta nas previsões.

“Desculpe aí, pessoal, não vou falar de mim, mas eu não errei nenhuma desde março do ano passado. E não precisa ser inteligente para entender isso. Tem que ter um mínimo de caráter. Agora só quem não tem caráter que joga o contrário”, afirmou o presidente.

O estarrecedor número de mortes por Covid-19 mostra o fracasso do governo federal no combate à pandemia, apesar de Bolsonaro insistir que vem acertando no campo do novo coronavírus. Além disso, a velocidade em que ocorrem os óbitos pela doença aumento sobremaneira. Entre março e abril, no intervalo de 36 dias, foram registradas no País 100 mil mortes por Covid-19.

O Brasil precisou de cinco meses para chegar aos 100 mil mortos por Covid-19. Outros cinco meses foram necessários para o País alcançar a marca de 200 mil óbitos. Contudo, a marca de 300 mil mortos foi registrada 76 dias depois. Como citado, entre 300 mil e 400 mil óbitos a letalidade do vírus teve a velocidade dobrada.

 
O presidente da República tenta escapar da responsabilidade pelo caos que se instalou no País, o que fica claro na sua insistente fala em que responsabiliza o STF por ter concedido autonomia a estados e municípios para adotar medidas de combate à pandemia, mas a culpa de Bolsonaro não pode ser camuflada nem varrida para debaixo do tapete palaciano.

A declaração do ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, de que foi vacinado às escondidas porque a ordem no Palácio do Planalto é para que todos voltassem para casa.

“Tomei, foi em Brasília, ali no Shopping Iguatemi. Tomei escondido porque a orientação era para todo mundo ir para casa, mas vazou. Mas tomei mesmo, não tenho vergonha não. Eu tomei e vou ser sincero porque eu, como qualquer ser humano, eu quero viver. Eu tenho dois netos maravilhosos, eu tenho uma mulher linda, eu tenho sonhos ainda. Então, eu quero viver, pô. E se a ciência, a medicina, fala que é a vacina — né Guedes? —, quem sou eu para me contrapor?”, disse Ramos durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar.

Para destacar a gravidade da pandemia, o chefe da Casa Civil relatou o caso de um ex-assessor, coronel do Exército, que morreu aos 38 anos após contrair Covid-19.

“Eu já me vacinei, o Guedes também. E tenho tentado convencer o presidente de que essa cepa — eu tive Covid em outubro do ano passado — ela é uma variante muito violenta que está ceifando vidas e próximas da gente. Na outra leva, isso não acontecia. Eu tenho um coronel que trabalha comigo na reserva, coronel, um homem de 38 anos, saudável, fazia maratona, tudo. Pegou Covid e em dez dias morreu”, emendou o chefe da Casa Civil.

A fala do ministro da Casa Civil derruba o argumento do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para quem os mais de 100 pedidos de impeachment contra Bolsonaro são “inúteis”.

“Não cabe a esta Casa, neste momento, instabilizar uma situação por uma conveniência política de A ou de B. O tempo é o da Constituição na conveniência e na oportunidade. Os pedidos de impeachment em 100% – não 95% –, 100% dos que eu já analisei são inúteis para o que entraram e para o que solicitaram”, disse Lira ao responder a deputados de partidos de oposição.

Há entre os mais de 100 pedidos de impeachment ao menos um apontando crime de responsabilidade na condução do combate à pandemia. A questão é que Arthur Lira é u m dos próceres do Centrão, bloco parlamentar que vive do proxenetismo político e pouco se importa com 400 mil vidas perdidas. É chegada a hora de a sociedade se organizar e exigir que a Câmara analise os pedidos de impeachment que estão parados desde a presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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