Quem é Rocco Morabito, o “rei da cocaína” e integrante da máfia calabresa preso pela PF na Paraíba

 
Segundo fugitivo mais procurado da Itália, o mafioso Rocco Morabito foi preso pela Polícia Federal na noite de segunda-feira (24) em João Pessoa, na Paraíba. Ele estava foragido desde 2019, quando fugiu de uma prisão no Uruguai.

Na Itália, Morabito foi condenado a 30 anos de prisão por associação criminosa, tráfico de drogas e outros crimes graves. O italiano era procurado pelo envolvimento com a ‘Ndrangheta, a poderosa máfia calabresa, considerada uma das maiores e mais poderosas organizações criminosas do planeta, com foco no tráfico internacional de drogas.

Morabito foi uma das principais referências para os cartéis do narcotráfico sul-americanos e investigadores seguiram seus rastros por todo o continente em busca de seu paradeiro. Ele é considerado um dos principais expoentes do clã Morabito-Bruzzaniti-Palamara.

Nascido em 1966 em Africo, na Calábria, ainda jovem deixou a terra natal para disseminar o tráfico em Milão e cuidar do transporte de drogas da América do Sul para o norte da Itália. Na década de 1990, Morabito ficou conhecido como o “rei da cocaína de Milão”, ocasião em que fornecia droga a personalidades e banqueiros, o que lhe permitiu acumular uma pequena fortuna.

O mafioso também era chamado pelo apelido “U Tamunga”, por dirigir pelas estradas da Calábria um Dkw Munga, veículo militar alemão considerado quase indestrutível. No Brasil, o carro é conhecido como “Candango”.

Vida de luxo com identidade falsa

De acordo com o jornal italiano “La Repubblica”, em 2002, Morabito, que era procurado pela polícia italiana desde 1995, mudou-se para o Uruguai, de onde continuou comandando o tráfico de drogas da ‘Ndraghetta.

No país sul-americano, o italiano morou em uma luxuosa mansão em Punta del Este, utilizando uma falsa identidade. Com um passaporte brasileiro em nome de Francesco Antonio Capeletto Souza, ele se apresentava como um grande empresário do comércio da soja.

 
Ele ficou foragido por 23 anos, até ser preso em um hotel de luxo de Montevideo, em 2017, para onde havia se mudado após separar-se da mulher. Na época, autoridades uruguaias apreenderam na residência dele uma pistola Glock 9 mm, 13 celulares, 12 cartões de crédito, 150 fotos mostrando Morabito vestido de diversas formas, com várias tonalidades de pele, dois automóveis e mais de 50 mil dólares em dinheiro.

Sua prisão no Uruguai só foi possível porque ele matriculou a filha em uma escola local com o sobrenome verdadeiro, facilitando dessa forma o trabalho da polícia.

Fuga cinematográfica

Após dois anos preso no Uruguai, em 2019, quando estava prestes a ser extraditado para Itália, Morabito e outros três criminosos internacionais realizaram uma fuga cinematográfica pelo telhado da penitenciaria e alcançaram a janela da casa de uma aposentada.

No local, os fugitivos deram de cara com Elida Ituarte. À senhora, Morabito explicou que havia escapado para “visitar a filha doente”. Em seguida, os quatro saíram, levando o dinheiro que a idosa tinha na carteira. Os outros três fugitivos foram recapturados, mas Morabito conseguiu escapar e seguiu gerenciando negócios do tráfico na América do Sul.

Meses antes, o serviço secreto uruguaio havia alertado as autoridades do país sobre o risco de fuga do criminoso, mas a informação foi desconsiderada pelo Ministério do Interior do Uruguai. Um documento do serviço secreto, datado de 6 junho de 2018, fazia previsão de fuga exatamente como ocorreu.

A Justiça uruguaia investigou 15 policiais que estavam de plantão na penitenciária no dia da fuga. Um ano depois, a polícia argentina prendeu Ferdinando Sarago, membro da ‘Ndrangheta, que havia repassado 50 mil euros para subornar os agentes, informou o jornal italiano “Corriere della Sera”.

A prisão de Morabito na Paraíba foi efetuada pela Polícia Federal em parceria com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a polícia italiana. O Serviço de Cooperação Internacional de Polícia participou ainda da investigação em conjunto com o Escritório Central da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no Brasil.

O mafioso foi preso em um hotel, juntamente com outro integrante da ‘Ndrangheta, Vincenzo Pasquino, também incluído na lista dos criminosos mais procurados. (Com agências internacionais)

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