Secretária do Ministério da Saúde contradiz Pazuello sobre data em que a pasta soube da crise em Manaus

 
Que o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, protagonizou um espetáculo de mitomania durante depoimento à CPI da Covid todos sabem, até mesmo os bolsonaristas menos radicais. Prestes a ser reconvocado pela CPI, que busca dirimir contradições no âmbito dos seus depoimentos, Pazuello sofreu um revés nesta terça-feira (25) com declaração de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde.

Em depoimento aos senadores, Mayra, que é conhecida como “Capitã Cloroquina”, afirmou que o Ministério da Saúde soube da falta de oxigênio medicinal em Manaus através de e-mail da empresa White Martins, repassado à pasta por autoridades da capital amazonense. A secretária destacou que não foi informada sobre a falta de oxigênio no período em que esteve na cidade (3 a 5 de janeiro).

“Não houve uma percepção que faltaria. De provas, é que nós tivemos uma comunicação por parte da Secretaria Estadual que transferiu para o ministro um e-mail da White Martins dando conta que haveria um problema de abastecimento”, respondeu.

Em seguida, Mayra Pinheiro disse que a comunicação aconteceu em 8 de janeiro. Contudo, Eduardo Pazuello disse em depoimento à CPI que foi informado da falta de oxigênio em Manaus apenas na noite do dia 10 de janeiro.

 
No dia 7 de janeiro, a White Martins enviou e-mail à Secretaria de Saúde do Amazonas informando não ter quantidade suficiente de oxigênio para atender à demanda do estado. Na mesma mensagem, a White Martins aponta o concorrente Carboxi, que eventualmente teria oxigênio em quantidade para suprir a necessidade dos hospitais amazonenses.

Questionada sobre a divergência de datas, Mayra Pinheiro afirmou que o então ministro teve conhecimento do desabastecimento do oxigênio em Manaus no dia 8 de fevereiro.

“No dia 8 de janeiro, seis dias antes, nós já tínhamos iniciado o transporte aéreo de oxigênio para Manaus. Eu tomei conhecimento de riscos em Manaus no dia 10, à noite, numa reunião com o governador e o secretário de Saúde, quando eles me passaram as suas preocupações que estavam com problema logístico sério com a empresa White Martins”, afirmou Pazuello à CPI.

Uma nova convocação de Pazuello é tida como certa, já que senadores independentes e de oposição são maioria na CPI, o que garante a aprovação do requerimento. O ex-ministro, que nos depoimentos anteriores se valeu de decisão do STF que lhe permitiu ficar em silêncio para evitar a autoincriminação, terá de recorrer mais uma vez à Corte Suprema para não ser preso na esteira de suas mentiras

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