Governo Bolsonaro muda discurso sobre sediar a Copa América no Brasil e agora fala em “possibilidade”

 
Se o governo de Jair Bolsonaro fosse uma piada – e o é –, com certeza seria de péssimo gosto. Não bastassem os despautérios oficiais que diariamente assolam a nação, o governo Bolsonaro decidiu nesta segunda-feira (31) proibir temporariamente a entrada no País de passageiros estrangeiros “de qualquer nacionalidade”. A medida, que atende a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

De acordo com a portaria publicada no DOU, a medida foi tomada por causa dos “riscos de contaminação e disseminação do coronavírus”. A portaria foi assinada pelos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública).

A medida foi adotada e publicada no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro deu sinal verde à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) para realizar a Copa América no Brasil. A competição esteve programada para ocorrer na Argentina e Na Colômbia, mas acabou cancelada em ambos os países em razão da pandemia em território argentino e dos protestos populares contra o governo colombiano.

O anúncio sobre a realização da Copa América no Brasil foi uma fracassada resposta de Bolsonaro aos protestos contra o governo que ocorrerem em mais de 200 cidades brasileiras, inclusive nas 27 capitais.

 
Se o presidente da República imaginou usar a Copa América como escudo contra as manifestações, a investida foi um enorme fracasso. Isso porque o anúncio alvo de críticas de distintos setores da sociedade, começando por epidemiologistas e políticos, como informamos em matéria anterior.

Diante da repercussão negativa da notícia, a cúpula do governo mudou o discurso no começo da noite desta segunda-feira. Ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, Luiz Eduardo Ramos disse aos jornalistas, em rápida entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, que trata-se de uma “possibilidade” e que o governo ainda está dialogando com representantes da CBF e da Conmebol para acertar a eventual realização do evento esportivo.

Para quem conhece minimamente o funcionamento da política nacional, o que era dado como certo agora ingressou no campo da dúvida. A fala do chefe da Casa Civil causa estranheza, pois o governo Bolsonaro se ofereceu para sediar a Copa América.

A estratégia do governo é criar nas próximas horas dificuldades extras para a realização da Copa América no Brasil, o que faria com que a Conmebol desistisse desse absurdo.

O grande desafio dos assessores palacianos a partir de agora é encontrar uma saída para que o presidente Jair Bolsonaro não saia desmoralizado de mais um episódio. Aliás, há dias o presidente ameaçou baixar decreto proibido a adoção de medidas restritivas em estados e municípios para conter o avanço da pandemia, mas tudo não passou de pirotecnia discursiva de um governante populista e movido pela bazófia.

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