Na contramão da lógica e ignorando críticas de epidemiologistas, Bolsonaro dá sinal verde à Copa América

 
Movido por impressionante anorexia intelectual, o presidente Jair Bolsonaro depende de seguidas polêmicas para conquistar espaço na mídia, no melhor estilo “falem mal, mas falem de mim”. Ignaro confesso em múltiplos assuntos, Bolsonaro é desprovido de competência para qualquer atividade que exija doses mínimas de bom-senso.

Depois do fiasco do governo na compra de vacinas contra Covid-19, o que permitiu que a pandemia avançasse assustadoramente no País e deixasse à beira do caminho mais de 463 mil vítimas fatais e 16 milhões de infectados (números oficiais), Bolsonaro agora tenta usar a realização da Copa América no Brasil como cortina de fumaça para seus desmandos e suas bizarrices.

Nesta terça-feira (1), o presidente disse ser favorável à realização do evento esportivo no Brasil, contrariando recomendações de especialistas em epidemiologia. Na segunda-feira, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) escolheu o Brasil como nova sede da competição, após a Argentina e a Colômbia desistirem de sediar o evento.

“Fui consultado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), conversei com todos os ministros interessados e, de nossa parte, é positivo”, disse Bolsonaro aos apoiadores que diariamente se aglomeram na entrada do Palácio da Alvorada. “No que depender de mim, de todos os ministros, inclusive o da Saúde [Marcelo Queiroga], está acertado. Haverá”, disse o presidente.

“Não está havendo jogos da Libertadores? Não está havendo da Sul-Americana? Também não começa, na sexta-feira, a Eliminatória da Copa do Mundo? Ninguém fala nada, não tem problema nenhuma. Por que quando se fala em Copa América querem questionar que causa aglomeração, ajuda a espalhar o vírus, etc.?”, questionou Bolsonaro.

Bolsonaro reclamou das críticas de parte da imprensa e sem apresentar provas afirmou que a reação negativa foi sido causada por interesses comerciais, aproveitando para atacar a Rede Globo, emissora considerada inimiga pela súcia bolsonarista.

 
“O que está havendo aqui? É um movimento da Globo contrário porque o direito de transmissão é do SBT. É a pressão dessa imprensa chamada Globo, nada mais além disso. Alguém aqui é contra a Copa América? Então, vou acabar com a Libertadores”, afirmou.

Sempre disposto a criar novas frentes de conflito com os adversários políticos e os opositores, Bolsonaro mudou de estratégia e deixou a cargo da CBF a responsabilidade de negociar com os governos estaduais a realização das partidas da Copa América. Apesar da mudança de estratégia, o objetivo permanece o mesmo: criar confusão.

Diante da manifestação de alguns governadores contra a realização do torneio futebolístico e seus respectivos estados, Bolsonaro preferiu não correr o risco de protagonizar novo fiasco, o que comprometeria ainda mais a aprovação da sua gestão.

Os governos de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Norte rejeitaram a possibilidade sediar as partidas da Copa América. O governo do Rio Grande do Sul classificou como “inoportuno” sediar jogos da competição. São Paulo e Bahia aceitarão sediar alguns jogos desde que disputados sem a presença de público.

De acordo com o organograma da Conmebol, são necessárias cinco sedes, mas até momento nenhuma foi anunciada oficialmente. Segundo informações de bastidores apuradas pelo jornal “O Globo’, as cidades-sedes serão Brasília, Rio de Janeiro, Goiânia, Cuiabá e Vitória, e ainda se trabalha com a possibilidade de adicionar Curitiba.

O plano da Conmebol prevê que todas as seleções fiquem hospedadas no Rio de Janeiro e a partida final seja disputada no Estádio do Maracanã, assim como ocorreu na última edição da Copa América, em 2019.


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