“A melhor defesa é o ataque”. Apostando no dito popular, o presidente Jair Bolsonaro, que tem evitado falar sobre o escândalo de corrupção envolvendo a compra da Covaxin, vacina contra Covid-19 produzida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, decidiu atacar a CPI da Covid, chamando de “bandidos” os sete senadores oposicionistas do colegiado.
Durante cerimônia de inauguração da Estação Radar de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, o presidente voltou a ameaçar a democracia ao citar o compromisso das Forças Armadas. “Só tenho paz e tranquilidade porque sei que, além do povo, temos Forças Armadas comprometidas com a democracia e com a liberdade”, afirmou Bolsonaro a apoiadores.
“Não conseguem nos atingir; não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui”, emendou o presidente da República.
A declaração aconteceu horas antes de partidos políticos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil apresentarem à Câmara dos Deputados um superpedido de impeachment contra Bolsonaro, tendo como base os diversos crimes de responsabilidade cometidos desde o início do mandato, principalmente a prevaricação diante do CovaxinGate.
Que Bolsonaro reage de maneira truculenta toda vez que se encontra em dificuldade todo brasileiro coerente sabe, mas o ataque à CPI da Covid prova que o presidente tinha conhecimento dos ilícitos cometidos no Ministério da Saúde, episódio que resultou na exoneração do agora ex-diretor do Departamento de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, indicado ao posto pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR).
Além disso, o silêncio do presidente em relação ao CovaxinGate não deixa dúvidas a respeito da sua condição de refém do Centrão, que em troca de apoio político ao governo no Congresso tem passe livre para atuar em diversos ministérios e órgãos oficiais.
“Nossos amigos do Legislativo têm nos dado grande apoio em todas as propostas que temos apresentado”, disse Bolsonaro em Ponta Porã.
Em 20 de março passado, durante encontro com o deputado federal Luís Cláudio Fernandes Miranda (DEM-DF) e Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, quando foi informado do esquema de corrupção no âmbito de aquisição de vacinas contra Covid-19, Bolsonaro citou o nome de Ricardo barros como responsável pelo “rolo”.
“Puta merda, mais um rolo desse cara”, teria dito Bolsonaro aos irmãos Miranda, em referência ao líder do governo na Câmara dos Deputados. Depois disso, o presidente da República não apenas manteve Ricardo Barros como líder do governo, mas encontrou-se diversas vezes com o parlamentar paranaense.
O presidente Jair Bolsonaro tem o direito de negar responsabilidade no caso, mas o crime de prevaricação está configurado, gostem ou não os palacianos e a milícia bolsonarista. Se em qualquer país minimamente sério Jair Bolsonaro já estaria longe da Presidência, o escândalo em pauta mostra de forma clara que o sistema presidencialista é absolutamente nocivo ao Brasil.
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.