Mais um revés para o governo Bolsonaro no campo da pandemia do novo coronavírus. Não bastassem os escândalos de corrupção envolvendo a compra de vacinas, documentos enviados à CPI da Covid pelo Ministério da Saúde afirmam que medicamentos do chamado “kit Covid”, largamente defendidos pelo presidente da República e seus aliados, são ineficazes contra o SARS-CoV-2. Os documentos foram entregues mediante pedido do senador Humberto Costa (PT-PE).
“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, destaca o documento.
Os medicamentos são os mesmos usados para o tratamento precoce, defendidos por apoiadores do governo e indicados pelo aplicativo do Ministério da Saúde, TrateCov, em Manaus em janeiro, quando o Amazonas enfrentava uma grave crise gerada pelo desabastecimento de oxigênio hospitalar. O aplicativo foi desativado após a pasta alegar que a plataforma havia sido alvo de ações de hacker.
A CPI da Covid, que será prorrogada por mais 90 dias, investiga um suposto gabinete paralelo ao Ministério da Saúde que provocou o atraso na aquisição das vacinas, o favorecimento de laboratórios e a compra de medicamentos do “kit Covid” sem eficácia comprovada para o tratamento da doença.
Entre os investigados pela CPI por suposta participação no tal gabinete paralelo pela insistência no uso dos medicamentos ineficazes estão o ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde), o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fábio Wajngarten, o ex-chanceler Ernesto Araújo e as médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi.
Também são investigados o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco (atualmente ocupa cargo na Casa Civil); o atual ministro da pasta, Marcelo Queiroga; Arthur Weintraub (irmão de Abraham Weintraub e conselheiro de Bolsonaro); o empresário Carlos Wizard, Franciele Fantinato, Hélio Neto, Marcellus Campelo, Paulo Marinho Zanotto e Luciano Dias Azevedo.
Os desdobramentos da CPI têm levado o presidente Jair Bolsonaro a insistir na escalada totalitarista, com ataques aos integrantes da comissão e às instituições democráticas. O presidente é acusado de prevaricação no caso da compra da Covaxin, vacina contra Covid-19 produzida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, após ser informado pessoalmente sobre suposto esquema de corrupção nas negociações.
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