Estados Unidos impõem novas sanções ao governo de Havana e a órgãos repressores cubanos

 
Os Estados Unidos impuseram na última sexta-feira (30) sanções à Polícia Nacional Revolucionária de Cuba (PNR) e a dois de seus líderes. O presidente americano, Joe Biden, prometeu novas medidas, a menos que haja “mudanças drásticas” na ilha caribenha.

“Haverá mais, a menos que haja alguma mudança drástica em Cuba”, disse o democrata ao se reunir na Casa Branca com líderes cubano-americanos após os protestos históricos recentes em dezenas de cidades cubanas.

O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou em nota oficial punições contra a PNR, seu diretor, Óscar Callejas Valcarce, e seu diretor adjunto, Eddy Sierra Arias. Eles são apontados como os responsáveis pela repressão aos protestos contra o governo cubano realizados no último dia 11.

Eles foram acusados de “graves violações dos direitos humanos” e impedidos de acessar o sistema financeiro americano em virtude da Lei Global Magnitsky, que permite aos Estados Unidos punir quem tiver cometido abusos de direitos humanos ou atos de corrupção em outros países.

A decisão foi anunciada uma hora antes de Biden receber um grupo de americanos de origem cubana na Casa Branca, uma reunião na qual ele planejava anunciar medidas sobre o acesso à internet em Cuba e possivelmente sobre o envio de remessas à ilha, segundo um funcionário do alto escalão do governo.

“Vamos anunciar medidas para melhorar a conectividade da internet na ilha, para garantir que apoiamos a capacidade das pessoas de se comunicarem umas com as outras e receberem informações, o que é algo que deve ser tratado como um direito humano”, afirmou a fonte, que pediu anonimato.

 
Biden também planejou dar mais detalhes sobre duas outras questões que ele pediu a sua equipe para estudar: a possibilidade de voltar a autorizar o envio de remessas para Cuba, algo que está proibido desde novembro passado, e a possível transferência de mais pessoal para a embaixada dos EUA em Havana.

O anúncio envolvendo a PNR é a segunda rodada de sanções impostas pelo governo americano em relação aos protestos de 11 de julho em Cuba. Na última quinta-feira, o Departamento do Tesouro puniu o ministro das Forças Armadas Revolucionárias Cubanas (FAR), Álvaro López-Miera, e uma unidade militar de elite popularmente conhecida como “vespas negras”.

Biden disse na ocasião que a medida era “apenas o começo” de sua resposta àqueles que supostamente reprimiram os protestos deste mês. O funcionário do governo que pediu anonimato declarou hoje que as novas restrições se destinam a manter a conversa sobre “os direitos do povo cubano”.

As sanções bloqueiam quaisquer bens que Callejas, Sierra ou membros do PNR possam ter sob a jurisdição dos EUA e proíbem que qualquer americano ou residente tenha qualquer tipo de relação com eles.

A reunião da sexta-feira com Biden na Casa Branca contou com a presença do cantor cubano Yotuel Romero, cuja canção “Patria y vida” tornou-se a trilha sonora dos protestos populares em Cuba. Também participaram o senador democrata Bob Menendez e o deputado Gregory Meeks, do mesmo partido; Manny Díaz, ex-prefeito de Miami; o empresário cubano-americano Felice Gorordo, CEO da eMerge Américas; e Ana Sofía Peláez, cofundadora do Projeto Liberdade de Miami.

Em 11 e 12 de julho, milhares de pessoas foram às ruas em mais de 40 cidades cubanas, para denunciar a “fome” e pedindo o fim da “ditadura”, em meio à pior crise econômica da ilha em décadas e de um forte aumento dos contágios e mortes por Covid-19. (Com agências internacionais)

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