Lira coloca “panos quentes” na PEC do voto impresso, mas “tanqueciata” aumentou racha na base do governo

 
Como antecipou o UCHO.INFO em matéria publicada na edição de segunda-feira (10), o absurdo desfile militar ordenado pelo presidente Jair Bolsonaro para intimidar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal federal (STF) acabou gerando efeito contrário.

Se Bolsonaro imaginava que os parlamentares desistiram de barrar no plenário da Câmara dos Deputados a PEC do voto impresso, o clima na Casa legislativa aponta na direção de fragorosa derrota para o governo, em proporção maior do que a registrada na comissão especial que analisou a matéria, rejeitada por 23 votos a 11.

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) sofre pressão de deputados de todos os partidos para que a PEC seja votada em plenário ainda nesta terça-feira, como resposta ao acintoso e intimidatório evento “encomendado” pelo presidente da República. Até mesmo o PP, partido de Lira, está rachado em relação ao tema e defende uma dura resposta ao Palácio do Planalto.

No Congresso, logo após o desfile militar, vários políticos afirmaram ser necessário “deter” Bolsonaro. No Senado, onde a PEC, se aprovada na Câmara, será rejeitada, o clima era de indignação. Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que “não haverá golpe”. “Não haverá voto impresso. Não haverá golpe contra a nossa democracia. Instituições, Congresso à frente, não permitiriam”, afirmou.

 
Com inúmeros projetos do governo dependendo de aprovação do Congresso Nacional, Bolsonaro tem como única prioridade o plano de reeleição. Diante de uma derrota eleitoral que começa a despontar no horizonte de 2022, o presidente não dá ouvidos aos conselhos de assessores nem se preocupa com uma eventual “intifada” de parlamentares da base.

Como destacamos em matéria anterior, o apoio do Centrão, “comprado” pelo governo a peso de ouro, pode desaparecer caso Bolsonaro insista na radicalização, mantendo as ameaças à democracia e os ataques ao sistema eleitoral. Afinal, nenhum político que busca a reeleição continuará apoiando um governo autoritário e golpista, pois as urnas, nesse caso, serão impiedosas.

A postura de Arthur Lira é no mínimo dúbia e deve ser rechaçada por todo brasileiro dotado de bom-senso. Por mais que a contrapartida oferecida pelo governo ao Centrão, Lira pode estar a um passo de cometer “suicídio político”.

O discurso bolsonarista de que as urnas eletrônicas não são confiáveis é obra da teoria da conspiração, já que até o momento não há qualquer indício de fraude nas eleições. Aliás, todas as suspeitas foram minuciosamente investigadas, sem qualquer comprovação de violação do sistema eleitoral.

Para um governo que se debate para tentar tirar o País do atoleiro da crise econômica, a manobra militar desta terça-feira acendeu o alerta no universo dos investidores nacionais e internacionais.

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