Nas eleições alemãs, nem sempre o vencedor leva

 
A eleição para decidir quem sucederá a chanceler federal Angela Merkel terminou no domingo (26) com leve vantagem para o candidato social-democrata Olaf Scholz (SPD), cujo partido conquistou 25,7% dos votos. Já a União Democrata Cristã (CDU) e seu braço bávaro, a CSU, receberam 24,1%. O candidato dos democrata-cristãos é Armin Laschet (CDU), que tem o apoio de Merkel.

Seria natural apontar que Scholz é o vencedor, mas a vantagem sobre seu principal rival não significa necessariamente que o social-democrata será o sucessor de Merkel no comando do governo da Alemanha. Na história política alemã, nem sempre o partido com mais votos conseguiu garantir a chefia de governo. Os resultados de domingo, por enquanto, só sinalizam que a escolha do novo chanceler pode se arrastar por meses.

Na Alemanha, os eleitores não votam diretamente nos candidatos a chanceler federal, mas em seus partidos. Normalmente, cabe à legenda que conseguir garantir mais de 50% das cadeiras no Parlamento liderar o governo – e consequentemente indicar o chanceler federal, cujo nome já é conhecido durante a campanha para atrair eleitores.

Contudo, no pós-guerra alemão, nenhum partido conseguiu garantir sozinho esse percentual de assentos. É aí que entra a costura de alianças com outras legendas para garantir a maioria dos deputados. Todos os chanceleres alemães desde a Segunda Guerra Mundial tiveram que dividir o governo com parceiros de outro partido. É nessa fase de costura de alianças que a Alemanha se encontra após o pleito de domingo.

 
A vantagem de possuir mais votos

Nas últimas quatro décadas, os partidos mais votados se viram em melhor posição para fechar coalizões e encabeçar o governo com seu candidato a chanceler.

A CDU de Angela Merkel, por exemplo, foi o partido mais votado nas últimas quatro eleições e liderou sucessivos governos que tiveram parcerias com social-democratas e membros do Partido Liberal Democrático (FDP) para garantir maioria no Parlamento.

Por isso, o social-democrata Olaf Scholz vem declarando que ele é a escolha natural para liderar um novo governo de coalizão após seu partido terminar levemente na frente.

No pleito de 2005, a CDU, que competia pela primeira vez com Merkel, conquistou no Parlamento apenas quatro cadeiras a mais que seu rivais social-democratas. A diferença no voto popular entre os dois partidos foi de apenas um ponto percentual. Isso foi usado pelos democrata-cristãos para arrancar a chefia do governo em uma coalizão com o próprio SPD quando combinações com outros partidos falharam para ambas as legendas.

“É certo que muitos marcaram o SPD nas cédulas porque querem que o próximo chanceler da Alemanha seja Olaf Scholz”, afirmou o candidato social-democrata no domingo, após o anúncio das primeiras parciais. (Deutsche Welle)

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