COP-26: sem explicar método, Bolsonaro promete corte maior de emissões de gases estufa

 
Nesta segunda-feira (1), o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, anunciaram aumento da meta climática do País em discursos transmitidos no pavilhão do Brasil na Conferência do Clima (COP26), em Glasgow.

De acordo com o anúncio do governo federal, a nova previsão é cortar 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 – a meta anterior era de 43%. A gestão Bolsonaro tem sofrido pressão internacional para melhorar os compromissos contra o aquecimento global após revisão que deixou menos ambiciosos as metas climáticas do País.

Especialistas afirmam que o governo foi responsável por uma “pedalada climática”, já que a meta de 43% de cortes nas emissões até 2030 tinha como base os lançamentos de gases estufa na atmosfera em 2005. Contudo, o governo brasileiro fez um recálculo da base de emissões, o que aumentou a quantidade de gases emitida em 2005. Com isso, ainda que a taxa de corte permaneça igual, o ponto de partida das emissões ficou maior, o piorando a proposta. A revisão é alvo de ação judicial contra o governo.

O governo Bolsonaro também afirmou que oficializará na COP26 a meta de atingir em 2050 a neutralidade (saldo zero) de carbono, o que significa equilibrar todo CO2 liberado com absorção equivalente desse gás, com o reflorestamento, por exemplo. Esse prazo foi responsável por impasse na reunião das 20 economias mais ricas do planeta (G-20) no final de semana.

Enquanto Estados Unidos, União Europeia e o Reino Unido defendem 2050 como prazo, a resistência de países como China, Índia e Rússia tirou menção a uma data específica da declaração final. Em abril, o governo brasileiro já havia sinalizado que adotaria 2050 como referência.

 
Os novos anúncios do governo de Jair Bolsonaro são uma tentativa de driblar a desconfiança internacional em relação ao Brasil no tocante ao meio ambiente, diante da disparada de desmates e incêndios na Amazônia. O ministro Joaquim Leite também defendeu que Estados mais ricos sejam “mais ambiciosos” em suas metas para reduzir a poluição atmosférica.

Leite afirmou que o financiamento climático é urgente para que o mundo possa fazer frente aos desafios. “É fundamental ter robustos volumes e nas quantidades necessárias para que a transição (para economia sustentável) ocorra de forma justa em cada região do planeta”, disse ele em transmissão no pavilhão do Brasil, em Glasgow, onde ocorre a COP26 junto com um espaço montado em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Leite participará da COP26 como representante do governo brasileiro, enquanto Bolsonaro, que está na Itália, decidiu não ir ao evento.

O ministro e o presidente afirmaram que o Brasil é uma potência verde, afirmação justificada com o uso de biocombustíveis. “Neste momento, os olhos do mundo estão voltados para soluções inovadores que proporcionem avanços econômicos com crescimento verde e o Brasil é parte dessa solução”, defendeu Leite.

Na gravação, o presidente Jair Bolsonaro destacou a necessidade de esforços para a conservação da floresta e para a criação de “empregos verdes”, declaração que atropela os discursos e ações que estimulam invasões de terras, desmatamento e queimadas, sem contar o garimpo ilegal.

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