Bolsonaro criticou o “toma lá, dá cá”, mas usa R$ 1,2 bilhão do orçamento secreto para aprovar PEC do Calote

 
Em 2018, durante a campanha presidencial, o então candidato Jair Bolsonaro abusou, como sempre, da insana verborragia populista. Preguiçoso em termos políticos, o brasileiro não se deu conta de que aquele falso Messias representava – como ainda representa – o que há de pior na política nacional, ou seja, era e é o que se conhece como “mais do mesmo”.

À época, em um dos seus embusteiros discursos, Bolsonaro afirmou: “Sem indicações políticas, faremos um time de ministros que realmente atenderá às necessidades do nosso povo. Podem ter certeza. Vocês podem confiar em nós, porque nós confiamos em vocês”.

Como gado na fila do abate, que baixa a cabeça à espera do momento final, o brasileiro cravou voto em Bolsonaro, crente de que o agora presidente seria a grande salvação do País. Apesar dos inúmeros alertas fizemos na ocasião, Jair Bolsonaro subiu a rampa do Palácio do Planalto para protagonizar o pior governo da história brasileira. O tempo passou e, como sempre, mostrou-se senhor da razão.

Jamais, em tempo algum, o Brasil viveu momento político tão preocupante e perigoso, mas o “talibã bolsonarista” continua a incensar um pária com mandato, que joga a imagem do País na vala do descrédito.

Logo após tomar posse na Presidência da República, Bolsonaro acionou a matraca oficial para condenar o que chamou de “velha política” e prometer o fim do “toma lá, dá cá”. Não demorou muito para o presidente cair nas garras do Centrão, ajuntamento de parlamentares que se dedicam ao rufianismo político.

 
Na madrugada de quinta-feira (4), depois de muitas ameaças e chantagens sórdidas, o governo conseguiu aprovar em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, a PEC dos Precatórios, também conhecida como PEC do Calote. Com dois integrantes do Centrão ocupando cargos políticos no Palácio do Planalto – Ciro Nogueira (Casa Civil) e Flavia Arruda (Secretaria de Governo – e Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, agindo com crupiê do cassino bolsonarista, a articulação política foi deixada de lado.

Liberando verbas aos bolhões e ameaçando não pagar emendas parlamentares, que são impositivas, o governo de Jair Bolsonaro conseguiu apenas quatro votos a mais do que os 308 necessários para aprovar a PEC dos Precatórios. Isso foi possível porque partidos de esquerda, que integram a oposição, votaram a favor da proposta.

Agora, com o segundo turno da votação agendado para a próxima terça-feira (9), o Palácio do Planalto decidiu tonificar a estratégia criminosa e rasteira para conseguir placar mais folgado. Para tanto, o governo já anunciou a liberação de R$ 1,2 bilhão do “Orçamento secreto”, ao mesmo tempo em que continua a ameaçar os parlamentares contrários à matéria com o não pagamento de emendas.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades que cumprem a lei de forma literal, o governo Bolsonaro já teria caído, com direito à prisão de muitos dos seus integrantes. A PEC do Calote é uma escandalosa “pedalada fiscal”, que tem como justificativa o financiamento do Auxílio Brasil. Na verdade, o mencionado benefício social poderia ser custeado de outras maneiras, sem que o teto de gastos fosse violado.

Em desvantagem nas pesquisas de opinião sobre a corrida presidencial de 2022, Bolsonaro tenta usar o suado dinheiro do contribuinte para eventualmente garantir a própria reeleição. Qualquer brasileiro dotado de bom-senso e com rasos conhecimentos políticos sabe que Bolsonaro está a armar uma “bomba fiscal” que mais adiante estourará no bolso dos mais pobres.

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