A Alemanha registrou nesta quarta-feira (10) o maior número de casos diários de Covid-19 desde o início da pandemia, e um dos principais virologistas do país alertou que ao menos mais 100 mil pessoas poderão morrer da doença.
Foram 39.676 infecções contabilizadas em 24 horas, segundo o Instituto Roberto Koch (RKI), agência alemã de prevenção e controle de doenças. A marca superou o recorde de 37.120 casos reportados na última sexta-feira e quase dobrou em relação aos 20.398 registrados há uma semana.
A taxa de incidência de sete dias, usada para medir o estado da pandemia no país, quebrou um novo recorde pelo terceiro dia consecutivo, ficando em 232,1. A taxa indica o número de novos casos de Covid-19 a cada 100 mil habitantes na última semana. Na segunda-feira, o número havia ficado acima de 200 pela primeira vez, em 201,1, e subiu para 213,7 na terça-feira.
“Situação de emergência”
“Temos uma verdadeira situação de emergência no momento”, afirmou o virologista Christian Drosten, chefe de virologia no hospital Charité de Berlim, em referência à situação de muitas UTIs pelo país. “Temos que fazer alguma coisa agora.”
Autoridades governamentais afirmaram diversas vezes que não pretendem impor lockdowns e, em vez disso, apelaram para que a população se vacine contra a Covid-19.
Até agora, 67,3% da população foi completamente vacinada, segundo dados do RKI. Diferentemente de outros países europeus, o governo tem se recusado a tornar a vacinação obrigatória para certas profissões.
Na última semana, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, afirmou que o país já entrou na quarta onda da pandemia de Covid-19 e que, no momento, o país vive uma “pandemia dos não vacinados”.
Pesquisa recente aumentou essas preocupações, ao revelar que 65% dos não vacinados não pretendem receber a vacina contra o novo coronavírus nos próximos dois meses. Outros 23% afirmaram que “provavelmente não o farão”. Apenas 2% disseram que planejam tomar a vacina, mas ainda não conseguiram.
“Estamos numa situação ruim: temos 15 milhões de pessoas que poderiam ter sido e que precisariam ser vacinadas”, disse Drosten em podcast da emissora NDR. Segundo o virologista, a solução para superar a pandemia é clara: “fechar as lacunas de vacinação”.
Drosten alertou que se não houver progresso na vacinação, a Alemanha deve se preparar para, no mínimo, 100 mil mortes adicionais por Covid-19 antes que a situação melhore novamente, apontando se tratar de uma estimativa conservadora.
Desde o começo da pandemia, 96.963 morreram em consequência do novo coronavírus na Alemanha.
Hospitais no limite
Assim como em outros momentos da pandemia, o país tem uma colcha de retalhos de regras regionais. A maioria das regiões restringe o acesso a grande parte dos espaços internos e eventos a pessoas vacinadas, recuperadas da Covid-19 ou que testaram negativo para o coronavírus – sendo que esta última categoria já passou a ser excluída em algumas áreas. No entanto, as regras muitas vezes não são aplicadas com rigor suficiente.
Vários hospitais relataram nos últimos dias estar operando em seus limites, com as UTIs tão cheias de pacientes com Covid-19 que não podem admitir mais pessoas. O hospital Charité de Berlim disse nesta terça que teve que cancelar cirurgias marcadas pois seu pessoal está ocupado com infectados pelo novo coronavírus. Autoridades afirmam que a maioria desses pacientes não foi vacinada. (Com agências internacionais)
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