Se na política existe o chamado “inferno astral”, a semana em marcha tem proporcionado ao presidente Jair Bolsonaro uma série de reveses políticos. A Polícia Federal intimou o chefe do Executivo para depor no caso de vazamento de informações sigilosas sobre inquérito policial que apura ataque ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2018. A ação criminosa não afetou o sistema de votação.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), desconsiderou parecer da Procuradoria-Geral da República e autorizou abertura de inquérito para investigar o presidente, que em transmissão pela internet associou a vacinação contra Covid-19 ao desenvolvimento da AIDS.
No final de semana, o sistema do Ministério da Saúde foi alvo de um ataque cibernético, que deixou fora do ar vários serviços da pasta, como o Conecte SUS, utilizado para a emissão de certificado digital de vacinação contra Covid-19. O ministro Marcelo Queiroga tentou camuflar o problema, mas acabou admitindo que um segundo ataque havia atingido os computadores do ministério.
Na terça-feira (14), a PF intimou Jair Renan Bolsonaro, o quarto filho do presidente da República, para prestar depoimento no âmbito do inquérito que investiga possíveis pagamentos de propina por empresários em contratos do governo.
O filho “04” foi presenteado com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil por um grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção. Após a doação, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini conseguiram agendar reunião com o governo federal. Jair Renan participou da reunião.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa demitido por Bolsonaro, assumirá a diretoria-geral da Corte, em fevereiro. Azevedo e Silva, que após demissão manteve-se em silêncio, responderá também pela área de tecnologia do TSE, responsável pelas urnas eletrônicas e softwares utilizados nas eleições.
Também na terça-feira, o Senado indicou o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) para vaga de conselheiro do Tribunal de Contas da União (TCU). A aprovação do nome de Anastasia, por 52 votos, foi uma vitória política do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pré-candidato do partido à Presidência da República. Para piorar a situação de Bolsonaro, nesta quarta-feira a Câmara dos Deputados referendou a decisão dos senadores.
Senador pelo MDB de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, que estava na disputa pela vaga no TCU, decidiu deixar a liderança do governo no Senado. Bezerra Coelho, que conseguiu apenas 7 votos, entende ter sido traído pelo Palácio do Planalto, que não teria atuado em prol de sua candidatura. A senadora Kátia Abreu (PP-TO), que também participou da disputa, teve 19 votos.
Nesta quarta-feira, o STF formou maioria a favor da decisão liminar do ministro Luís Roberto Barroso, que determinou a obrigatoriedade do “passaporte da vacina” para os viajantes que chegarem ao País. Bolsonaro, contrariando recomendação da Anvisa, havia decidido liberar a entrada de não vacinados no Brasil.
Para fechar a tormenta, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, afirmou, em arquivo de áudio vazado, que toma medicamentos “na veia” diariamente para evitar que Bolsonaro tome “uma atitude mais drástica” contra o Supremo
“Temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence, não é, não pode fazer isso, está tentando esticar a corda até arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF”, disse Heleno, sem mencionar nomes.
“Eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado, eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí”, ressaltou.
Considerando que a relação de Jair Bolsonaro com o STF não é das melhores – nunca foi – a declaração do chefe do GSI coloca mais combustível em uma fogueira cujas labaredas só aumentam. É importante estar alerta, pois o presidente não desiste de “esticar a corda” a todo instante.
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