Subserviente, Marcelo Queiroga diz não ver problema na divulgação dos nomes de técnicos da Anvisa

 
Há dias, ao sentir os efeitos adversos dos seguidos reveses no campo da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro solicitou ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que radicalizasse o discurso, como forma de contrapor às decisões judiciais. Subserviente a ponto de ser nauseante, Queiroga não apenas acatou a ordem presidencial, como entrou em cena para denegrir a classe médica e atentar contra os cientistas e pesquisadores.

Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a aplicação de vacina contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, Bolsonaro, em sua enfadonha live semanal, ameaçou divulgar os nomes dos técnicos do órgão regulador que decidiram contra o negacionismo oficial.

Os técnicos da Anvisa, que há muito são alvo de ataques da horda bolsonarista que atua nas redes sociais, sentiram-se intimidados com a declaração de Jair Bolsonaro, que continua se recusando a tomar a vacina contra a doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 e suas variantes. O presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, solicitou providências à Polícia Federal, ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, ao Ministério da Justiça e à Procuradoria-Geral da República.

Que a segurança dos técnicos da agência reguladora precisa ser garantida a qualquer preço é ponto pacífico, mas a questão que se põe é a responsabilização de um delinquente intelectual que faz da ameaça a sua tábua de salvação. Estamos a fazer referência a Jair Messias Bolsonaro, o populista da extrema direita que levou o País ao retrocesso e ao obscurantismo.

 
Não obstante, Queiroga disse nesta segunda-feira (20) não ver problema algum na divulgação dos nomes dos técnicos da Anvisa que aprovaram a imunização de crianças de 5 a 11 anos. “Não há problema em se ter publicidade dos atos da administração. Acredito que isso é até um requisito da Constituição”, disse o ministro, que, tudo indica, desconhece o conteúdo da Carta Magna.

Para ratificar mais uma vez a sabujice torpe que dedica ao presidente da República, o ministro da Saúde fez questão de elogiar Bolsonaro, a quem chamou de “grande líder” que “tem apoiado fortemente” a pasta na campanha de vacinação contra o novo coronavírus. Para Queiroga, a associação com as ameaças é mera “narrativa”. Em suma, a delinquência intelectual é mercadoria que sobre no almoxarifado do governo.

No contraponto, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou como inaceitável qualquer tipo de intimidação ameaça aos diretores e técnicos da Anvisa. Pacheco, que não fez menção ao nome de Jair Bolsonaro, lamentou a politização de decisões da Anvisa por parte de um governo que esfarela com o passar dos dias.

“Gostaria, em nome da presidência do Senado Federal, de me solidarizar com todos os colaboradores, diretores e servidores da Anvisa, na pessoa do seu presidente almirante (Antonio) Barra Torres, porque é inaceitável qualquer intimidação ou ameaça em função de decisões que são tomadas livre e autonomamente por uma agência reguladora, a partir de critérios técnicos e científicos, a partir de processos que são por eles conhecidos, e decisões que são tomadas à luz dessa técnica”, afirmou Pacheco durante sessão plenária do Senado.

“Então, de fato, é lamentável que haja esse tipo de politização capaz até de levar a discussão às raias de intimidações e ameaças desse tipo. Isso é intolerável, tem a solidariedade e o apoio irrestrito do Senado Federal para fazer enfrentamento que precisa ser feito dessa pandemia, e a Anvisa é fundamental que o faça a partir de critérios técnicos, científicos, e não por qualquer outro motivo”, completou.

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