Como já afirmou o UCHO.INFO em diversas ocasiões, o presidente Jair Bolsonaro não perde uma só oportunidade para acionar a alavanca da vitimização. Por ocasião do falecimento de sua mãe, Dona Olinda, na última sexta-feira (21), Bolsonaro discursou durante o velório, ocasião em que afirmou não compreender a morte. Para quem ignorou os mais de 620 mil brasileiros que tombaram diante do novo coronavírus, a fala do presidente foi uma ode ao oportunismo.
“A partida da minha mãe faz parte do ciclo natural da vida, mas, mesmo assim, é difícil entender a morte. E, nesse momento, só peço ao nosso Deus todo misericordioso que conceda à minha mãe a vida eterna”, disse.
Não se trata de minimizar a morte da mãe de Bolsonaro, pelo contrário, mas de destacar o oportunismo barato e rasteiro que acompanha o chefe do Executivo em todos os seus atos. Foi assim no caso da última internação, quando o próprio presidente cogitou a possibilidade de cirurgia, mas seu médico afirmou que tudo não passou de problema abdominal decorrente de má deglutição de alimentos.
Nesta quinta-feira (27), Bolsonaro participou, em Brasília, de missa de sétimo dia em memória da mãe, ao lado da primeira-dama, de sete ministros, assessores e um dos filhos (Carlos). Para quem, um dia após ao sepultamento da mãe, saiu pelas ruas da cidade de Eldorado, no interior de São Paulo, para ir à casa lotérica, onde apostou na Mega-Sena, o luto presidencial não se sustenta.
Com a popularidade despencando dia após dia e diante do esfarelamento do seu projeto de reeleição, Jair Bolsonaro não pode poderia perder a chance de se mostrar à nação como alguém que passa por momento de sofrimento. Essa faceta “bom samaritano” não convence.
Apesar de sua extrema proximidade com os evangélicos, Bolsonaro é cristão e foi contemplado, durante o ato religioso, com mensagem do Papa Francisco, que no texto, lido pelo Monsenhor Joseph Antony Puthenpurayil, representante do núncio apostólico, apresentou condolências à família do presidente.
É importante ressaltar que na política qualquer movimento é minuciosamente calculado. E no caso em questão não foi diferente. Não custa lembrar que Bolsonaro, ao ser questionado sobre os efeitos devastadores da pandemia de Covid-19 no Brasil, disse não ser coveiro e que “todos nós iremos morrer um dia”.
“Essa é uma realidade, o vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra, não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós iremos morrer um dia”, declarou.
O desprezo de Bolsonaro pela vida alheia é tamanho, que mesmo na presença de terceiros não usou máscara de proteção durante a missa e depois da celebração, assim como fizeram muitos que acompanharam o ato religioso, apesar de a variante ômicron do novo coronavírus ter levado a ocupação dos leitos de UTI a níveis preocupantes. Mesmo assim, Bolsonaro continua sem compreender a morte. Enfim… (Foto do destaque: Pedro Ladeira – Folhapress)
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