O presidente Jair Bolsonaro é o que se conhece na política brasileira como “mais do mesmo”. Na verdade, o chefe do Executivo é muito pior, pois abusa do populismo barato para tentar “vender” uma imagem de defensor do povo e da democracia. Postura típica de ditadores modernos, como, por exemplo, o venezuelano Nicolás Maduro.
Para justificar a ausência na cerimônia de abertura dos trabalhos do Judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (1), Bolsonaro usou como desculpa a necessidade de visitar cidades paulistas duramente atingidas pelas chuvas dos últimos dias.
Na segunda-feira (31), o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), a mando do presidente da República, afirmou que o governador de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), estaria fazendo uso político da tragédia que deixou 24 mortos para se promover eleitoralmente.
No último domingo (30), Dória sobrevoou áreas atingidas e cobrou do Ministério maior participação do Ministério no enfrentamento aos danos provocados nas cidades do Estado. Em nota, o MDR afirmou ter recebido com “estranheza” as declarações de Doria e que o governador “parece desconhecer a natureza técnica do trabalho deste ministério, que não se pauta pela política eleitoral”.
Rogério Marinho, o ministro da pasta, não tem o direito de despejar sobre a opinião pública uma declaração dessa natureza, pois o governo de Jair Bolsonaro é uma ode à incompetência e ao populismo torpe.
No final de 2021, quando chuvas torrenciais devastaram cidades do sul da Bahia e de Minas Gerais, Bolsonaro disse que não interromperia suas férias para visitar os municípios atingidos. Alegou que nas cidades afetadas estavam integrantes do governo, com a missão de auxiliar no processo de apoio às famílias desabrigadas e desalojadas e de recuperação dos locais atingidos.
A decisão de Jair Bolsonaro de se deslocar para São Paulo com o intuito de conferir in loco os estragos é prova maior de sua covardia, destacada em entrevista pelo general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, ex-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República. Santos Cruz não apenas afirmou que o presidente “sempre foi um covarde”, mas que age como “canalha e criminoso”.
Ignorar o caráter eleitoreiro da viagem de Jair Bolsonaro à região atingida pelas chuvas é passar recibo de estupidez política. O presidente sabe que o estado de São Paulo é o maior colégio eleitoral do País e que uma demonstração de bom-mocismo pode ajudá-lo na tentativa desesperada de salvar o próprio projeto de reeleição.
Por volta de meio-dia desta terça-feira, o presidente sobrevoou as principais áreas atingidas pelas chuvas, após se reunir com prefeitos de Caieiras, Cajamar, Franco da Rocha, Mairiporã, Várzea Paulista e Francisco Morato.
“Lamentamos as mortes. Sabemos que, muitas vezes, as pessoas constroem a sua residência por necessidade em um local que, 10, 20, 30 anos depois, o tempo leva a desastres”, afirmou o oportunista Bolsonaro, após sobrevoo.
O presidente viajou acompanhado dos ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) – é pré-candidato ao governo de São Paulo –, João Roma (Cidadania), Luís Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), do secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, e do filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo.
Pelas redes sociais, Dória, pré-candidato ao Palácio do Planalto e adversário figadal de Bolsonaro, afirmou que a visita do presidente é “bem-vinda”. “Nosso povo está sofrendo as duras consequências das chuvas que castigaram nosso estado. A visita do presidente a SP para oferecer ajuda aos que mais necessitam é bem-vinda”.
Que ninguém se deixe levar pela incursão de Bolsonaro, que no terreno da pandemia disse em diversas ocasiões lamentar as mortes causadas pelo novo coronavírus – já passam de 626 mil. Não houve até então, por parte do presidente, qualquer gesto sincero em relação aos brasileiros que tombaram diante do novo coronavírus. Na verdade, o máximo que o presidente fez foi dizer que a morte é inevitável e que a pandemia apenas antecipou o fim da vida de milhares.
Para quem afirmou que não interromperia a fanfarronice no litoral catarinense para tratar da destruição na Bahia e em Minas Gerais, Bolsonaro mostra-se novamente um oportunista torpe e que causa engulhos. Não bastasse ter politizado a vacinação contra Covid-19, algo repetido por João Dória, o presidente agora politiza a tragédia. Enfim…
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