Bolsonaro diz estar empenhado em ajudar brasileiros na Ucrânia, mas Itamaraty alega dificuldades

 
O despreparo do presidente Jair Bolsonaro é tamanho, que os brasileiros que se encontram na Ucrânia tornaram-se refém do populismo barato e da fanfarronice de um governante que chafurda na vala do extremismo direitista.

Isolado no campo internacional desde a derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, Bolsonaro viajou à Moscou para encontrar-se com Vladimir Putin e declarar solidariedade à Rússia, que naquele momento estava na iminência de invadir o território ucraniano, o que acabou acontecendo nas primeiras horas desta quinta-feira (24).

Cerca de 500 brasileiros vivem na Ucrânia e desejam deixar o país do Leste da Europa com medo do agravamento da crise geopolítica que já deixou dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos. O Itamaraty informou nesta quinta-feira que por enquanto não há condições para retirar os cidadãos brasileiros que se encontram em território ucraniano.

Para iniciar o processo de retirada dos cidadãos nacionais, saída, o governo avalia três situações: as condições de segurança no trajeto, a disponibilidade de meios e a possibilidade de os brasileiros chegarem a um ponto de encontro a ser definido.

De acordo com o embaixador Leonardo Gorgulho, secretário de Comunicação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores, o plano de evacuação não tem prazo para ser colocado em prática. Dependerá das condições de segurança no território ucraniano.

 
As embaixadas brasileiras em Moscou, Minsk, Bucareste e Bratslav estão em regime de plantão para atender brasileiros que eventualmente consigam deixar a Ucrânia. No contraponto, o Itamaraty recomenda que os brasileiros permaneçam em suas casas e sigam as orientações das autoridades locais. Ou seja, o Ministério de Relações Exteriores não tem como agir.

Mais cedo, em sua conta no Twitter, Jair Bolsonaro afirmou “estar empenhado” em ajudar os brasileiros que estão na Ucrânia e desejam deixar o país. O presidente destacou que está em funcionamento um plantão consular para atender os cidadãos nacionais. Na verdade, o máximo que os consulados estão fazendo no momento é cadastrar os brasileiros.

“A Embaixada do Brasil em Kiev está renovando o cadastramento dos brasileiros e orientando-os, por SMS ou por meio de mensagens em seu site, em sua página no Facebook e em grupo do aplicativo Telegram“, completou Bolsonaro, repetindo comunicado da representação diplomática brasileira em Kiev.

O grande impasse que coloca aos brasileiros que estão na Ucrânia é que qualquer operação de evacuação dependerá de apoio logístico e estratégico dos Estados Unidos, que lidera a OTAN. Como os pontos de destino com segurança encontram-se no Ocidente, a participação americana na operação é importante.

Porém, não se deve esquecer que Bolsonaro foi o último chefe de Estado a cumprimentar Joe Biden pela vitória eleitoral e desde então ambos não conversaram nem trocaram mensagens.

Para piorar, o presidente Bolsonaro declarou solidariedade à Rússia na viagem que fez a Moscou e desautorizou o vice Hamilton Mourão, que na manhã desta quinta-feira disse que o Brasil condena a invasão da Ucrânia.

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