O general Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras, foi informado por Jair Bolsonaro que não continuará no cargo. A saída de Luna deve ocorrer no próximo dia 13 de abril, quando o conselho da empresa se reunirá e o nome do general não estará na lista de conselheiros.
Ex-presidente do capítulo brasileiro da binacional Itaipu, Silva e Luna foi conduzido ao comando da Petrobras porque o presidente da República imaginou ser possível interferir na política de preços da empresa, que tem o mercado internacional de petróleo como referência.
Apesar de Bolsonaro ter criticado publicamente o general Silva e Luna, mesmo que em algumas situações de forma inominada, assessores palacianos, em especial os da ala militar, tentaram dissuadi-lo da ideia de substituir o presidente da Petrobras, que não tem como controlar os preços dos combustíveis, que há aproximadamente duas semanas sofreu reajuste.
Apesar dos apelos de integrantes do chamado núcleo duro do governo, Bolsonaro tomou a decisão nesta segunda-feira (28) e informou o general, que substituiu, em 19 de abril de 2021, o economista Roberto Castello Branco, apeado do cargo por se recusar a interferir na política de preços da empresa.
Independentemente de quem seja o próximo presidente da Petrobras – em Brasília fala-se no nome de Adriano Pires –, Bolsonaro está preocupado com o seu projeto de reeleição, que é corroído pela disparada da inflação.
Como temos afirmado ao logo dos anos, a questão envolvendo os preços dos combustíveis está relacionada à pífia política econômica do governo, não à Petrobras. Basta comparar a cotação do dólar à época da posse de Bolsonaro com a de hoje. Apesar das recentes quedas da moeda norte-americana, a diferença entre ambas as cotações é grande. Além disso, o preço do petróleo no mercado internacional disparou na esteira da guerra na Ucrânia.
Bolsonaro quer repetir o erro crasso da então presidente Dilma Rousseff, que congelou os preços dos combustíveis para conter o avanço a inflação e deixou um rombo de US$ 40 bilhões na estatal.
Em 2021, a Petrobras pagou ao Estado brasileiro algo em torno de R$ 200 bilhões em dividendos, impostos e royalties de petróleo, sendo que a maior parte ficou com o Tesouro Nacional pelo fato de a União ser acionista majoritária. A título de informação, esse valor é semelhante à soma dos orçamentos de alguns ministérios. Os valores pagos pela empresa servem para alavancar inúmeras políticas públicas do governo.
O que Jair Bolsonaro propõe é dilapidar um patrimônio público em nome de sua tentativa de reeleição. Caso esse absurdo seja levado adiante, a Petrobras não só acumulará prejuízos, mas perderá capacidade de investimento. O Brasil caminha para ser um dos maiores exportadores de petróleo do planeta, mas o presidente da República continua acreditando que é possível continuar com seu populismo tosco e barato.
Dificilmente o próximo presidente da Petrobras colocará o currículo a serviço de um projeto absurdo de Bolsonaro, decisão que certamente será tomada pelos outros conselheiros da estatal. Até porque, quem endossar uma aventura como a que propõe o presidente da República responderá com o próprio patrimônio pelos prejuízos causados à empresa.
É importante lembrar que a Petrobras, no que tange à participação da União, é propriedade de todos os brasileiros, mas isso não significa que um irresponsável pode fazer o que bem quiser com a empresa.
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