Bolsonaro é levado a hospital após desconforto abdominal; internações acontecem no rastro de escândalos

 
O presidente Jair Bolsonaro (PL) sentiu novo desconforto abdominal na noite desta segunda-feira (28) e foi levado para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, inicialmente para a realização de exames. Mais cedo, o chefe do Executivo sentiu dores na região do estômago foi atendido pelos médicos da Presidência da República.

Bolsonaro deveria participar de ato de filiação dos ministros Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) ao Republicanos, mas não compareceu ao evento. A mesa reservada aos convidados tinha uma placa de identificação com o nome de Bolsonaro, mas foi retirada antes da cerimônia.

O presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira, surpreendeu os presentes ao informar que a ausência de Bolsonaro se devia à realização de exames. Somente após o final do evento o parlamentar informou do que se tratava, sem dar detalhes.

“Ele estava fazendo exames com os médicos da Presidência. Foi o que me informaram. Ela [Michelle Bolsonaro] estava até preocupada querendo ir embora logo para poder ir lá”, disse Marcos Pereira. “Falaram que ele estava com refluxo e dor no estômago”, completou.

No momento em que deixava o evento partidário, a primeira-dama foi questionada sobre o estado de saúde do presidente. “Ele está bem, graças a Deus”, disse Michelle.

O presidente da República foi internado para a realização de exames, como citado, mas passará a noite internado no Hospital das Forças Armadas.

Enredo da vitimização

Em de 2021, Jair Bolsonaro foi internado no mesmo hospital em razão de desconforto abdominal e soluço persistente. À época, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom) informou por meio de nota que Bolsonaro ficaria em observação de 24 a 48 horas, não obrigatoriamente no hospital.

Na sequência, a Secom divulgou nova nota: “Após exames realizados no HFA, em Brasília, o Dr. Macedo, médico responsável pelas cirurgias no abdômen do Presidente da República, decorrentes do atentado a faca ocorrido em 2018, constatou uma obstrução intestinal e resolveu levá-lo para São Paulo onde fará exames complementares para definição da necessidade, ou não, de uma cirurgia de emergência.”

 
No mesmo dia, 14 de julho, o senador Flávio Bolsonaro, filho “01” do presidente, disse em entrevista que o pai fora transferido para São Paulo após diagnóstico de obstrução intestinal, tendo sido intubado por precaução na UTI.

Durante a entrevista, o filho “01” do presidente da República informou que ele foi internado de sábado para domingo, em Brasília, com crise de soluços, apneia e dificuldade para dormir, mas foi liberado pelos médicos.

Por volta das 22 horas daquela quarta-feira, o Hospital Vila Nova Star (do grupo D’Or), em São Paulo, também divulgou nota (não era boletim médico) sobre o presidente da República, informando que ele será submetido a “tratamento clínico conservador”.

“O senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, foi transferido na noite desta quarta-feira para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após passar por uma avaliação no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, e ser diagnosticado com um quadro de suboclusão intestinal. Após avaliações clínica, laboratoriais e de imagem realizadas, o presidente permanecerá internado inicialmente em tratamento clínico conservador”, informava a nota do Vila Nova Star.

Na madrugada de 3 de janeiro passado, Bolsonaro foi internado no Hospital Vila Nova Star, na capital paulista, após dizer que não interromperia as férias por causa das chuvas que causaram destruição e mortes na Bahia em Minas Gerais. Sem ter um diagnóstico fechado, o presidente usou as redes sociais para noticiar a possibilidade de cirurgia. Em outras palavras, abusou da vitimização, como sempre faz.

O cirurgião Antônio Luiz Macedo, que estava em férias nas Bahamas, afirmou que retornaria a São Paulo para tratar do presidente. O médico disse que à distância não tinha condições de avaliar a necessidade de uma cirurgia.

“Ele fará tomografia e mais exames para sabermos o que há no abdome. Ainda não sabemos, mas pode ser causado, por exemplo, por um alimento mal mastigado, entre outros fatores”, disse o médico na ocasião.

Após a chegada de Macedo ao Brasil, o presidente foi avaliado e o hospital divulgou boletim médico, em 4 de janeiro, informando que uma cirurgia estava descartada. “O quadro de suboclusão intestinal do Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se desfez, não havendo indicação cirúrgica. A evolução do paciente clínica e laboratorialmente segue satisfatória e será iniciada hoje uma dieta líquida”, destacou o boletim médico.

Curiosamente, Jair Bolsonaro é internado todas as vezes que ele ou o seu governo são alcançados por polêmicas ou escândalos. Ciente de que a farra dos pastores no Ministério da Educação, com direito à cobrança de propina em ouro ou em espécie, e a tentativa de calar os artistas que se apresentaram no festival Lollapalooza podem produzir efeitos negativos em seu projeto de reeleição, sem contar os números das pesquisas eleitorais, Bolsonaro mais uma vez posa de vítima.

O brasileiro coerente que se prepare, pois dentro de algumas horas o roteiro da novela estará nas redes sociais do presidente, com a epopeia da facada de volta à cena.

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