Corrupção no MEC: o pastor armado e o temor do governo diante de possível delação premiada

 
Uma notícia fechou as cortinas da segunda-feira (25) e avançou pela manhã desta terça: o disparo acidental de arma de fogo do pastor Milton Ribeiro no aeroporto de Brasília. Ex-ministro da Educação, Ribeiro dirigiu-se ao balcão da companhia aérea Latam para despachar a arma, mas não poderia ter adentrado a área do aeroporto com o dispositivo carregado, segundo normas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Milton Ribeiro foi levado à Polícia Federal para depor, mas foi liberado em seguida. De acordo com o ex-ministro, a viagem à capital federal se deveu a necessidade de resolver assuntos burocráticos possivelmente ligados à pasta.

Ribeiro tem o direito de ir e vir assegurado pela Constituição Federal, mas causa espécie um pastor evangélico que prega a palavra de Deus andar armado. Talvez porque creia que “o revólver e nada me faltará”.

O ex-ministro pode alegar o que bem entender para explicar sua ida a Brasília, mas afirmar que assuntos burocráticos o levaram à capital dos brasileiros e desdenhar a capacidade de raciocínio de qualquer cidadão. Com a tecnologia avançando cada vez mais e ferramentas digitais encurtando distâncias, a alegação de Ribeiro é uma ode ao deboche.

Como tem afirmado o UCHO.INFO nas últimas semanas, o escândalo envolvendo os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura, que cobravam de prefeitos propina para liberar recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), é muito maior do que foi noticiado até agora.

 
O presidente Jair Bolsonaro, que ordenou a Ribeiro que atendesse aos pedidos da dupla de pastores, sabe que se a verdade vier à tona sua situação político-eleitoral sofrerá um grave abalo. Afinal, Santos e Moura terão de depor no âmbito de investigação da Polícia Federal.

Em outra ponta da confusão, Milton Ribeiro, que deve estar sofrendo pressão de todos os lados, pode se complicar no escopo do inquérito da PF. Em gravação divulgada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o então ministro diz, durante reunião com prefeitos e religiosos, que a pedido de Bolsonaro prioriza os pedidos do pastor Gilmar Santos. Caso desminta tal afirmação, Ribeiro assumirá sozinho a responsabilidade pelo esquema de corrupção.

Por outro lado, se decidir falar o que sabe sobre o criminoso “gabinete dos pastores, Ribeiro transferirá parte da responsabilidade para o presidente da República. Como apurou o UCHO.INFO, o ex-ministro tem evitado compromissos com receio das reações da população e principalmente de alguns dos envolvidos no esquema de corrupção.

Este portal volta a afirmar que não se deve descartar a hipótese de Milton Ribeiro, em algum momento, optar por um acordo de colaboração premiada. Até porque o ex-ministro terá dificuldade para carregar a pecha de conivente com uma quadrilha. Destacamos que os envolvidos no esquema de cobrança de propina passa de uma dezena, assunto que sempre foi do conhecimento de Jair Bolsonaro. A saída para o governo seria repetir com Ribeiro o que foi feito com Abraham Weintraub: uma sinecura no exterior.

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