STF derruba três decretos ambientais do governo de Jair Bolsonaro, que tentou “passar a boiada”

     
    Como vem afirmando o UCHO.INFO desde 2018, ano da última eleição presidencial, o governo de Jair Bolsonaro seria marcado por escândalos nos setores do meio ambiente e da mineração. Em relação à derrubada de florestas e invasões de terras, foi uma forma de compensar o polpudo apoio do agronegócio à candidatura de Bolsonaro. Representantes do agronegócio negam ter interesse no desrespeito à legislação ambiental, mas nos bastidores a realidade é outra.

    Em relação à mineração, o governo sabe dos crimes cometidos no setor, desde a corrupção nos órgãos reguladores até a atuação criminosa de garimpeiros, mas fecha os olhos para a realidade porque muitos que gravitam na órbita do Palácio do Planalto estão faturando alto com tais desmandos.

    Não por acaso, Bolsonaro tentou “passar a boiada”, como sugeriu Ricardo Salles, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu colocar ordem na casa. Salles deveria tomar algumas pílulas de coragem e revelar em público o que fala reservadamente com pessoas de seu círculo mais próximo e restrito.

    Três decretos ambientais criados durante o governo do presidente Jair Bolsonaro foram derrubados pelo STF nesta quinta-feira (28). A ação foi protocolada por partidos de oposição, que questionam as políticas ambientais do governo.

    Entre os decretos analisados, há o que extingue o Comitê Organizador do Fundo Amazônia, que levou ao afastamento da sociedade civil de manifestações a respeito do fundo, e outro que exclui a participação da sociedade civil do conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).

    Além desses, há também o decreto que afastou os governadores da região da Amazônia Legal do Conselho Nacional da área, composta por municípios de nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão.

     
    Uma medida provisória que permitia a concessão automática de licenças e alvarás para empresas que apresentassem grau médio de risco ambiental, sem a análise prévia de servidores, foi declarada inconstitucional pelos ministros do STF.

    Iniciado no dia 7 de abril, o julgamento teve o voto final do presidente da corte, Luiz Fux, nesta quinta. Ele acompanhou o voto da relatora, a ministra Cármen Lúcia.

    “As políticas públicas ambientais atualmente adotadas são insuficientes e ineficientes e, portanto, constitucionalmente inválidas para cumprir o mandato constitucional de preservação do ambiente”, afirmou Cármen Lúcia, ao defender o seu voto de revogação dos decretos.

    Com maioria formada nesta quarta-feira, o único voto restante era referente à questão dos conselhos ambientais. Fux entendeu que as mudanças propostas pelo Executivo representam um retrocesso para a área.

    Também votaram pela inconstitucionalidade dos decretos os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Edson Fachin, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski. Rosa Weber e André Mendonça acompanharam a relatora de maneira parcial, enquanto Kassio Nunes Marques, o sabujo de toga, foi o único que votou contra.

    Ainda há pontos pendentes de julgamento no pacote de processos, chamado de “pauta verde”. No entanto, o resultado parcial reverte regulamentações conceituadas por oposicionistas do governo como um desmonte de políticas públicas ambientais – principalmente, em relação à Amazônia.

    Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.