O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Silva, que, tudo indica, se enfrentarão nas urnas em outubro, participaram de atos neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, que não atraíram grandes multidões, indicando que a população ainda não está disposta a participar de mobilizações presenciais em torno dos dois principais nomes da disputa.
O receio de que Bolsonaro reeditasse a sua participação no feriado de “Sete de Setembro” do ano passado, quando, na Avenida Paulista, em São Paulo, fez um discurso inflamado com ameaças golpistas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também não se confirmou.
O presidente já havia provocado ambas as Cortes na última quarta-feira (27), quando defendeu uma contagem paralela de votos nas eleições realizada pelas Forças Armadas.
Abusando da ironia, Bolsonaro disse há dias que seu objetivo não era “peitar” o STF ao conceder perdão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), mas tomou tal decisão por entender que a pena era excessiva. É importante lembrar que ao presidente da República não cabe a prerrogativa da dosimetria da pena, assim como uma graça constitucional não pode ter desvio de finalidade, algo que ficou patente no decreto que favoreceu Silveira.
No domingo (1), porém, Bolsonaro esteve por apenas cerca de dez minutos no ato de Brasília e não discursou, e sua rápida fala na Avenida Paulista, transmitida em vídeo, não trouxe ataques diretos ao Judiciário.
“Essa manifestação é pacífica como todas as demais em defesa da Constituição, da família e da liberdade (…) Devo lealdade a todos vocês, temos um governo que acredita em Deus, respeita os seus militares, defende a família e deve lealdade ao seu povo”, afirmou Bolsonaro. “Estarei sempre ao lado da população brasileira. Agradeço ao criador pela minha vida e a vocês por terem me ofertado essa missão de conduzir o destino do Brasil, porque o bem sempre vence o mal”, disse o presidente. Os bolsonaristas encheram cerca de três quarteirões da Avenida Paulista, de acordo com estimativas dos veículos de imprensa.
Em Brasília, o ato reuniu poucos apoiadores do presidente e teve como pauta elogios ao indulto concedido a Silveira, a defesa de sua elegibilidade nestas eleições e ataques ao Supremo, com faixas como “Fora a ditadura da toga” e “Criminalização do comunismo. Destituição dos ministros”.
Lula fala sobre economia e qualidade de vida
O ato organizado por sete centrais sindicais foi realizado em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e não contou com grande número de participantes, apesar de ter como atração a presença de Lula e shows de Daniela Mercury e Leci Brandão, entre outros.
Em sua fala, Lula deu destaque a temas que afetam a qualidade de vida da população, como salário mínimo, inflação e direitos trabalhistas. “Todos vocês, mesmo aqueles que são jovens, devem ter um parente que já viveu melhor quando eu governava este país. No tempo em que eu governava, o salário mínimo tinha aumento real todo ano. Isso fez com que o salário mínimo subisse 77% durante o meu governo”, afirmou.
Em seguida, o petista mencionou a alta da inflação, a redução do poder de compra dos brasileiros e o aumento da fome, e disse que, se eleito, seu governo se engajaria em criar novas regras trabalhistas para os trabalhadores de aplicativos, que segundo o petista são hoje tratados “como se fossem escravos”.
“Eles têm que ter direito a um programa de saúde, eles têm que ter direito a um programa de assistência social, eles têm que ter direito à assistência médica, têm que ter seguro quando bater no seu carro, moto ou bicicleta, essas pessoas têm que ter descanso semanal remunerado, porque a escravidão acabou em 13 de maio de 1888”, afirmou.
Na conclusão de sua fala, Lula tentou se apropriar do termo “liberdade” – muito usado no repertório bolsonarista – e aplicá-lo a um contexto diferente. “Logo vai estar tudo formalizado e nós vamos acordar, um belo dia do mês de outubro, agradecendo a Deus e agradecendo a liberdade. E vamos agradecer que a liberdade finalmente abriu as asas sobre o povo brasileiro, e vamos voltar a ter um país civilizado, as instituições vão se respeitar”, disse.
A campanha eleitoral só começa formalmente no dia 16 de agosto, mas tanto Lula quanto Bolsonaro e outros pré-candidatos vêm mantendo agenda intensa de eventos. De acordo com a lei eleitoral, é permitida a participação dos pré-candidatos em eventos coletivos e manifestações, sendo vedado apenas o pedido explícito de voto, ou seja, “faz de conta”.
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