Mourão revela seu viés golpista e chama de “liberdade de expressão” pedidos de volta da ditadura militar

 
General da reserva do Exército, Antônio Hamilton Martins Mourão não se tornou vice do presidente Jair Bolsonaro por acaso, mesmo que a relação entre ambos tenha enfrentado algumas crispações ao longo dos últimos quarenta meses. Mourão, assim como Bolsonaro, classifica o golpe militar de 64 como revolução em favor da democracia, que é uma monumental mentira. Não obstante, Bolsonaro e Mourão defendem a tese de que a ditadura resultou do desejo da população, o que também não é verdade.

Esse tipo de entendimento tem servido para alimentar as manifestações antidemocráticas e os ataques e ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aos integrantes da Corte, como aconteceu nos atos alusivos ao 1º de Maio, Dia do Trabalhador, quando bolsonaristas novamente pediram intervenção militar e fechamento do STF.

Nesta segunda-feira (2), Mourão, que será candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, classificou os pedidos de fechamento do STF e da volta da ditadura militar como “liberdade de expressão”.

“Isso aí é liberdade de expressão. Tem gente que quer isso, mas a imensa maioria do povo não quer. Então, pronto! Normal!”, disse o general aposentado a jornalistas ao chegar ao Palácio do Planalto. “Não houve convocação tão grande como em 7 de setembro, e a motivação era outra também”, completou.

 
Hamilton Mourão tem garantido o direito do livre pensamento, mas não pode chamar de liberdade de expressão um pedido de retorno da ditadura. Aliás, se o vice-presidente da República não sabe, intervenção militar é inconstitucional, mesmo os bolsonaristas alegando que a Carta Magna prevê esse desvario.

O general da reserva sabe que o Rio Grande do Sul é reduto de defensores do golpe de 64 e por isso adota um discurso que faz a alegria do seu futuro eleitorado. Em qualquer país sério e respeitador das leis e da Constituição, Mourão e Bolsonaro já estariam longes do poder, mas o proxenetismo político que impera no Congresso impede que processos de impeachment saiam da escrivaninha do presidente da Câmara dos Deputados.

Ademais, Mourão não pode normalizar o entendimento de que discurso golpista, que configura crime, encontra amparo na liberdade de expressão. Aliás, o direito constitucional à liberdade de expressão não é absoluto e deve ser exercido dentro dos limites impostos pela legislação e principalmente pela democracia.

Quando um presidente da República é eleito na esteira de discursos “antipolítica” e marcados pelo falso moralismo e pouco tempo depois acaba se rendendo a tudo o que condenou durante a campanha, não se pode cruzar os braços diante do escárnio e normalizar o absurdo.

Bolsonaro está preocupado com a reeleição, enquanto Mourão quer garantir uma vaga no Senado. Isso explica a decisão da dupla de adotar um palavrório insano e antidemocrático. Ditaduras modernas começam lenta e disfarçadamente com a suposta defesa da democracia, da liberdade de expressão e dos direitos constitucionais.


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