O presidente Jair Bolsonaro mente quando diz que defende a democracia e a liberdade, ao mesmo tempo em que afirma “jogar dentro das quatro linhas da Constituição”. Como afirmamos em matéria anterior, ditaduras modernas começam com esse discurso de defesa da liberdade e da democracia, mas em determinado momento a opinião pública percebe, tarde demais, que tudo não passa de embuste discursivo.
Há muito que Bolsonaro ameaça as eleições de outubro próximo, mas com a proximidade do pleito os ataques têm aumentado em número e intensidade. Ciente de que é real a possibilidade de ser derrotado nas urnas, o que faz com que as ameaças cresçam, Bolsonaro fez pressão para que o Itamaraty alegasse “objeções” por parte do governo para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendesse convite feito à União Europeia (UE) com o objetivo de acompanhar as eleições.
O TSE já tinha iniciado conversas bilaterais para definir a participação da UE, mas diante do recuo do Itamaraty, responsável em tese pela política externa brasileira, o tribunal desistiu do convite. Nos bastidores, membros do TSE mostraram-se surpresos com o posicionamento de Bolsonaro, que, tudo indica, não quer representantes da União Europeia no País.
Bolsonaro é um ditador enrustido que em público ousa falar em democracia e liberdade, mas nos bastidores não mede esforços para levar o Brasil ao retrocesso e ao obscurantismo, como tem afirmado o UCHO.INFO desde a corrida presidencial e 2018.
Tal postura, que representa clara ameaça à democracia, é mais um entrave no caminho do Brasil para se tornar membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), não sem antes dificultar ainda mais o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
É importante que os brasileiros de bem saiam da letargia, pois é inadmissível que Bolsonaro queira tumultuar por antecipação as eleições deste ano. Trata-se de um prenúncio do golpe que será perpetrado caso o presidente da República seja derrotado nas urnas. Não é preciso esforço do raciocínio para antever esse cenário, já que Bolsonaro disse, no Dia do Trabalhador, que “o bem vencerá o mal”. Ele só esqueceu de avisar aos incautos que ele próprio é a fulanização do mal.