A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, anunciou nesta segunda-feira (16) que a Suécia tomou a decisão formal de se juntar à Finlândia no pedido de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
“Estamos saindo de uma era e entrando em uma nova”, disse Andersson, em Estocolmo, ao lado de Ulf Kristersson, líder da principal legenda de oposição, acrescentando que o pedido deverá ser entregue possivelmente até quarta-feira e será alinhado com a solicitação da Finlândia.
No entanto, ela afirmou que a Suécia não quer bases militares permanentes da OTAN ou armas nucleares em seu território caso sua adesão seja aprovada.
O anúncio vem logo depois de quase todos os partidos do Parlamento sueco expressarem apoio a um pedido de adesão. A sigla de Andersson, o Partido Social-Democrata, já havia abandonado uma oposição de 73 anos contra a adesão à Aliança Atlântica e dito no fim de semana que apoiava a medida, tornando o pedido quase certo.
A mudança histórica, que ocorre após mais de 200 anos de não alinhamento militar no país nórdico, deve provocar novas críticas e ameaças do governo do presidente russo, Vladimir Putin, como aconteceu após o anúncio de Helsinque no domingo sobre o desejo de aderir à Aliança Atlântica.
Uma análise extensiva da política de segurança sueca conduzida pelos oito partidos do país representados no Parlamento e divulgada na sexta-feira já havia concluído que a adesão da Suécia à OTAN teria um efeito estabilizador.
A entrada na OTAN era uma perspectiva distante há poucos meses, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia levou tanto a Suécia quanto a Finlândia a repensarem suas necessidades de segurança.
“A Europa, a Suécia e o povo sueco estão vivendo agora em uma nova e perigosa realidade”, disse Andersson no Parlamento nesta segunda-feira.
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Melhor decisão para a segurança da Suécia
No domingo, após debates ao longo da semana passada entre líderes social-democratas, o maior partido em todas as eleições do país há um século, Andersson disse que a entrada na OTAN era “a melhor coisa para a segurança da Suécia e do povo sueco”. “O não-alinhamento nos serviu bem, mas nossa conclusão é que não nos servirá tão bem no futuro”, afirmou.
Na Finlândia, o presidente Sauli Niinistö também confirmou neste domingo a intenção do país de aderir à OTAN, dizendo que a região seria beneficiada. “Ganhamos em segurança e também a estendemos à região do mar Báltico e a toda a aliança”, disse ele a jornalistas no palácio presidencial em Helsinque.
Niinistö afirmou que a adesão da Finlândia à OTAN “é uma prova de poder da democracia” e lembrou que essa decisão tem o aval da maioria dos cidadãos, dos partidos políticos e do Parlamento. O pedido, porém, ainda não foi aprovado pelos deputados finlandeses, que devem fazê-lo nos próximos dias. Depois de aprovado, o pedido formal será submetido à sede da aliança, em Bruxelas.
Em paz desde o período das guerras napoleônicas, a Suécia estava mais relutante em deixar seu não-alinhamento do que a Finlândia, que lutou contra a União Soviética no século passado. O apoio popular à adesão à OTAN saltou para mais de 60% na Suécia, contra 40% antes da guerra.
Turquia pode ser obstáculo
Apesar do otimismo de Suécia e Finlândia, um obstáculo já surgiu antes mesmo de os pedidos chegarem à sede da OTAN em Bruxelas. A Turquia surpreendeu seus aliados da aliança ao dizer que não veria os pedidos da Finlândia e da Suécia de forma positiva, principalmente citando seu histórico de abrigar membros de grupos militantes curdos.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, confirmou nesta segunda-feira (16) a oposição à adesão da Finlândia e da Suécia à OTAN, acusando ambos os países de não tomarem uma posição clara contra o terrorismo.
“Não diremos ‘sim’ àqueles que impõem sanções contra a Turquia para aderirem à organização de segurança OTAN”, disse Erdogan. Referindo-se às intenções das delegações sueca e finlandesa de se reunirem com as autoridades turcas, afirmou: “Eles dizem que virão à Turquia na segunda-feira. Eles virão para nos persuadir? Desculpe-nos, mas eles não devem se incomodar.”
O ministro da Defesa sueco, Peter Hultqvist, disse que seu país iniciará discussões diplomáticas com a Turquia para tentar superar as objeções de Ancara.
“Enviaremos um grupo de diplomatas para discutir e dialogar com a Turquia para que possamos ver como isso pode ser resolvido e sobre o que realmente se trata”, disse à emissora SVT.
A Turquia afirmou que deseja que os países nórdicos suspendam o apoio a militantes curdos em seu território e as proibições de venda de algumas armas para o governo de Ancara. (Com agências internacionais)