O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, focou seu discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, nas consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia, lançando duras críticas ao presidente russo, Vladimir Putin.
A conferência deste ano, que terminou nesta quinta-feira (26), teve como tema “História em um ponto de virada”, devido ao conflito que se desenrola no Leste Europeu.
Scholz, que falou em Davos pela primeira vez como chefe de governo da Alemanha, é o único líder de um país do G7 a participar presencialmente do fórum deste ano. O socialdemocrata também se reúne com representantes do mundo dos negócios às margens da conferência.
Em seu discurso, Scholz mirou a decisão de Putin de invadir a Ucrânia. “Uma grande potência nuclear está se comportando como se tivesse o direito de redesenhar as fronteiras”, afirmou. “Putin quer um retorno a uma ordem mundial na qual o poder dita o que é certo – na qual liberdade, determinação e soberania não são para todos.”
“Não podemos permitir que Putin ganhe esta guerra”, afirmou o chanceler federal. “É uma questão de deixar claro para Putin que não haverá paz ditada – a Ucrânia não aceitará isso, nem nós.”
Scholz, que foi criticado por sua hesitação inicial em enviar armas para a Ucrânia, observou que a guerra levou a Alemanha a realizar uma grande mudança em sua política de defesa.
“Pela primeira vez, a Alemanha está fornecendo armas para uma zona de guerra, incluindo armas pesadas”, afirmou o chefe de governo, acrescentando que 100 bilhões de euros seriam disponibilizados para aumentar as capacidades defensivas da Alemanha.
Scholz também disse que a guerra aumentou a pressão para o país atingir as metas de mudança climática – especialmente na redução da dependência das importações de combustíveis fósseis da Rússia. A pressão para a Alemanha se tornar neutra em carbono até 2045 “ganhou ainda mais importância” à luz do conflito, segundo ele.
Guerra domina negociações em Davos
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou na sessão de abertura do Fórum Econômico Mundial, quando expressou preocupação com a falta de unidade entre os aliados ocidentais em apoio a seu país.
Na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse às elites em Davos que seu país “precisa muito” de sistemas de foguetes de lançamento múltiplo para igualar e derrotar as armas russas na região do Donbass, alvo de ofensivas russas.
“Cada dia que alguém passa sentado em Washington, Berlim, Paris e outras capitais, considerando se deve ou não fazer algo, nos custa vidas e territórios”, afirmou Kuleba.
Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse na terça-feira que está “confiante” de que a aliança militar vai superar as objeções da Turquia e admitir a Finlândia e a Suécia como seus novos membros.
Os dois países nórdicos se candidataram a aderir à Otan após a invasão da Ucrânia pela Rússia, rompendo com uma política de neutralidade militar de longa data, enquanto a Turquia rejeita ostensivamente, pois ambos os países apoiaram grupos curdos aos quais Ancara se opõe.
Também em Davos, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu como “vergonhoso” o bloqueio russo à Ucrânia que está impedindo a chegada de grãos aos mercados mundiais. O bloqueio resultou em um aumento global de preços e preocupações com a segurança alimentar global.
O A edição 2022 do Fórum Econômico Mundial contou com a presença de 50 chefes de Estado e de governo, juntamente com 2.500 representantes do universo dos negócios, sociedade civil, academia e mídia. (Com Deutsche Welle e agências internacionais)